postado em 06/03/2009 21:32
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira (6/03) que o primeiro barril de petróleo do campo de Tupi, na região do pré-sal, sairá em 1° de maio, com o início do Teste de Longa Duração (TLD).
Anunciado no final de 2007 pela Petrobras, o campo de Tupi foi a primeira descoberta significativa da estatal no pré-sal e tem reservas estimadas entre 5 milhões a 8 bilhões de metros cúbicos de petróleo equivalente, óleo e gás.
"Nós estaremos lá em Tupi em 1° de maio para tirar o primeiro óleo. É muito importante o que vai acontecer porque nós vamos tirar os primeiros barris de petróleo a seis mil metros de profundidade", disse Lula, em discurso na inauguração da Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas, em Linhares (ES).
O presidente Lula admitiu que a Petrobras chegou a pensar em adiar os investimentos previstos em seu Plano de Negócios em função da crise financeira internacional e da dificuldade de crédito, mas que partiu do próprio governo a determinação de investir o necessário para tocar os projetos em andamento.
"Quando estourou a crise, a Petrobras chegou a pensar em não investir o que estava previsto no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), pensou em adiar investimento. Nós chamamos o Gabrielli (Sergio Gabrielli), presidente da Petrobras e determinamos: não tem chororô, nós vamos investir cada centavo para que a gente possa dinamizar a economia brasileira", disse o presidente.
Lula também afirmou que tornar o país independente na produção de gás natural foi uma decisão de governo tomada em reuniões com a Petrobras, mesmo em meio à crise financeira internacional.
O presidente lembrou os problemas com a Bolívia, a partir da estatização do setor petrolífero naquele país, e afirmou que o que parecia impossível para "muitos pessimistas", agora, com a inauguração da segunda fase de Cacimbas, já é uma realidade.
"Muita gente queria que nós abríssemos guerra com a Bolívia, mas eu não via como não entender a realidade da Bolívia e a justeza da atitude de estatização e de reivindicação de um preço justo para o seu gás exigido por Morales (Evo Morales, presidente da Bolívia)".
Prioridades
O presidente lembrou que foi convocada uma reunião, no Palácio do Planalto, para discutir o Plano de Antecipação da Produção de Gás (Plangás) e, a partir daí, ficou determinado que seria dada prioridade aos investimentos para tornar o país independente na produção de gás natural.
Ele afirmou que os investimentos da Petrobras em seu governo aumentaram, somente no Espírito Santo, mais de dez vezes. "Eles gastavam R$ 500 milhões por ano e, hoje, nós gastamos R$ 2,5 bilhões por ano. É por isso que nos estamos descobrindo mais. Não estamos de braços cruzados chorando a crise. Nós estamos trabalhando e investindo." O presidente disse que prefere errar por tomar decisões, muitas vezes por assumir riscos e ousar, do que por omissão. "E essa planta é o resultado da ousadia, da teimosia, porque você não governa nem a sua casa com medo, governar é tomar decisões e eu sou daqueles que prefere errar por ação que por omissão. E foi por essa determinação de investir na busca pelo gás que precisamos que chegará o dia em que direi para o Morales: olha meu amigo, agora você é livre para vender o gás para quem quiser." Independência.
Lula, no entanto, descartou a possibilidade de deixar de comprar o insumo daquele país. "Mas é lógico que nós continuaremos a comprar o gás boliviano, até porque não queremos vizinhos pobres. Mas direi isto para que ele saiba que as relações entre os países são feitas com cooperação e respeito. Aí, o Brasil e a Bolívia descobrirão que quanto mais em paz nós estivermos melhor será para os dois".
Sobre os planos de independência na produção de gás, Lula relembrou uma frase dita quando assumiu o governo: "Primeiro faremos o necessário, depois o possível e, quando menos esperarmos, estaremos fazendo o impossível. E esta obra [o Pólo de Cacimbas] é uma das coisas impossíveis de que estou falando."