Economia

Indústria cresce 2% em janeiro na comparação com dezembro

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postado em 07/03/2009 11:46
Após três quedas mensais consecutivas, a produção da indústria brasileira voltou a crescer em janeiro, mas num ritmo muito inferior à expectativa dos analistas. A expansão foi de apenas 2,3%. Diante do tamanho do tombo em dezembro (-12,7%), os economistas esperavam uma recuperação em torno de 8,5%. Apesar do pequeno alívio, a situação no setor ainda é grave. O próprio Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão do governo responsável pela coleta dos dados, acredita que a crise internacional continuará afetando seriamente o volume produzido pelas empresas nacionais. Em relação a janeiro de 2008, a retração foi de 17,2%, a maior contração da série histórica iniciada em 1991. Nesse critério, foi a terceira baixa seguida. A produção caiu 18,2% no acumulado entre outubro e janeiro, período de agravamento da crise, depois da quebra do banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers. No quadrimestre, as perdas do segmento de bens duráveis, muito sensível à redução do crédito, foram de 29,7%. O ramo de bens de capitais, derrubado pelo adiamento dos planos de investimento das empresas, caiu 20,4%. ;Essas são as duas áreas mais sensíveis ao crédito e foram bastante afetadas pela crise. Em janeiro, a produção parou de cair em relação ao mês imediatamente anterior, mas não o suficiente para levar o nível de volta ao ponto de novembro. A tendência ainda é negativa;, afirmou o coordenador de indústria do IBGE, Sílvio Sales. No acumulado em 12 meses, a produção está crescendo 1%, a taxa mais baixa desde fevereiro de 2004 (0,2%). Analistas privados também ressaltaram que o pior está longe de ter passado. O economista Fábio Silveira, sócio da RC Consultores, considera o indicador de janeiro apenas uma ;descompressão; em relação à forte queda de dezembro. ;Isso não significa que vamos voltar à normalidade;, observou. Na estimativa de Silveira, o índice da produção industrial está evoluindo de maneira desfavorável em comparação com um ano atrás e deve fechar 2009 com queda de 1,5% a 2%. ;A indústria simplesmente não vai crescer este ano;, assegurou. Segundo ele, o quadro internacional permanece ;muito ruim;, o que dificulta a recuperação da cena doméstica. Na avaliação do banco Santander elaborada com dados preliminares de fevereiro, a produção voltou a cair no mês passado, embora num ritmo mais lento do que o registrado no último trimestre de 2008. Segundo o relatório distribuído a seus clientes corporativos, os indicadores apontam para contrações ;severas; tanto no mercado interno como no externo, com diminuição dos novos pedidos às indústrias. As empresas continuaram demitindo parte dos seus funcionários e diminuindo as compras de insumos. Os preços das matérias-primas caíram pela primeira vez desde o início da pesquisa, o que demonstra o enfraquecimento contínuo do setor industrial. Ajustes O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) divulgou um relatório pessimista sobre a produção. ;O fato é que esse ;respiro; da indústria em janeiro foi muito modesto e, por enquanto, nada revigorante. Ou seja, o ajuste de janeiro é muito parcial e está longe de recompor os níveis de produção correspondentes ao período anterior à crise;, assinala o comunicado. Entidade representativa da indústria paulista, o Iedi aproveitou para pressionar pela adoção do que chamou de ;melhores políticas econômicas;: redução mais rápida de juros, recomposição e barateamento do crédito, incentivo ao investimento privado e reforço nas obras públicas em infraestrutura e habitação. Segundo os dados do IBGE divulgados ontem, 75% dos 755 produtos pesquisados tiveram queda na produção em relação a janeiro de 2008, numa mostra de que a crise está afetando a ampla maioria das indústrias. Dos 27 segmentos analisados, 26 registraram recuo nessa comparação. Só o ramo de outros equipamentos de transporte escapou (alta de 39,2%), puxado pela produção de aviões. As atividades que mais contribuíram para o recorde negativo do indicador foram: veículos automotores (-34,5%), produtos químicos (-29,2%), metalurgia básica (-31,3%), máquinas e equipamentos (-24,4%) e material eletrônico e equipamentos de comunicações (-45,9%). A fabricação de automóveis foi preponderante no crescimento em relação a dezembro. Nessa comparação, o sinal ficou positivo em 15 ramos e negativo em 12. Num reflexo do retorno parcial das férias coletivas concedidas pelas montadoras e da recuperação das vendas, a produção de carros aumentou 40,8%, depois de uma queda também de exatos 40,8% em dezembro. ;Há notícias de que já se formam filas de espera e os trabalhadores estão sendo chamados de volta à linha de produção;, disse Sales. Também reagiram as atividades de material eletrônico (28,4%), borracha e plástico (13,6%), têxtil (10,3%) e alimentos (1,6%). Os destaques negativos foram: máquinas e materiais elétricos (-9,5%), refino de petróleo e produção de álcool (-3,6%), e metalurgia básica (-4,7%). (Colaborou Vânia Cristino)

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