Economia

Economia de São José dos Campos sofre com demissões

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postado em 09/03/2009 09:02
A corrente que luta para reverter a demissão em massa na Embraer ganhou mais um reforço. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) desembarca hoje em São José dos Campos para tentar convencer os executivos da fabricante de aviões a reverter as 4.270 demissões. ;Mesmo com os bons resultados obtidos ao longo dos últimos anos, a empresa demitiu sem negociação. Esse fato preocupa porque a Embraer é importante para a economia nacional, para a região de São José dos Campos e todo o Vale do Paraíba;, disse o senador. Até o presidente Lula já havia telefonado para a empresa pedindo que se busquem alternativas para não pôr os trabalhadores no olho da rua. Em vão. A empresa tem se mostrado irredutível e, pelas contas que os executivos entregaram à Justiça do Trabalho, mesmo que os funcionários sejam reintegrados, não há trabalho nem dinheiro para pagá-los. O desembargador Luís Carlos Cândido Martins Sotero da Silva, que concedeu liminar cancelando as demissões, também se encontrará hoje com executivos da Embraer e com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José. A ideia é costurar um acordo para selar na audiência conciliatória marcada para a próxima sexta-feira, dia 13. Diante do imbróglio criado pelas demissões, Lula pediu à equipe econômica que elabore um plano para apresentar à Embraer no intuito de aproveitar o pessoal que está parado. Segundo a decisão da Justiça, os 4.270 empregados receberão como se estivessem trabalhando até que saia a decisão definitiva. Como uma espécie de ;agrado;, a empresa ofereceu aos demissionários plano de saúde com cobertura para dependentes até um ano depois da data da carta de demissão. O sindicato agradece, mas almeja negociar férias coletivas e redução da jornada de trabalho para só depois ocorrerem as dispensas. ;Todas as montadoras fazem isso. A Embraer, que é mais rica, está se negando;, afirma o advogado do sindicato, Aristeu Pinto Neto. Mais cortes Apesar da liminar que cancela as demissões, a Embraer continua distribuindo cartas de demissões. Durante a semana que passou, foram dispensados mais 35. Extraoficialmente, a empresa diz que não houve nenhum corte além dos que 4.270 que foram anunciados no dia 19 de fevereiro. Acontece que parte desse contingente estava em férias e recebeu a carta ao regressar ao trabalho. Assim como os demais, eles receberão todos os benefícios garantidos por lei e determinados pela Justiça. Para o secretário de Relações no Trabalho de São José, José Luís Nunes, a demissão em massa na Embraer terá um impacto forte na economia local. Mais da metade dos demissionários mora no município e tem importante contribuição no desenvolvimento econômico. ;A prefeitura deu isenção de IPTU para os demitidos, mas isso não basta. Esses trabalhadores vão deixar de comprar e de se divertir;, ressalta Nunes. O presidente da Associação Comercial da cidade, Felipe Cury, também projeta prejuízos para a economia local. ;A Embraer é uma empresa importante para o nosso desenvolvimento. Uma demissão nessa escala prejudica o comércio, diminuindo as vendas e aumentando a inadimplência;, ressalta. Com a queda na produção da Embraer, Cury prevê que haverá mais dispensas nas empresas que prestam serviços para a fabricante de aviões, como as fornecedoras de aeropeças. Só em São José há 40 indústrias que, juntas, empregam mais de 3 mil profissionais. A previsão de Cury foi feita na segunda-feira passada e, na quinta, a empresa Sobraer, uma das maiores metalúrgicas de São José e fornecedora da Embraer, demitiu 60 trabalhadores do turno da tarde. Eles foram pegos de surpresa e, como justificativa, a empresa alegou cancelamento de pedidos da Embraer. Procuradas pelo Correio para comentar as demissões, nenhuma das duas empresas se manifestou.

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