Economia

Consumo do governo compensa queda de 2% nos gastos das famílias

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postado em 10/03/2009 15:18
O consumo do governo foi o único setor da demanda que registrou aumento no último trimestre de 2008, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (10/03) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a respeito do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre de 2006. Por outro lado, o consumo das famílias, um dos fatores determinantes para o crescimento do PIB no trimestres recentes, recuou 2%. O avanço dos gastos públicos foi de 0,5% nos últimos três meses do ano passado, em relação ao terceiro trimestre, atingindo R$ 178,372 bilhões. "Praticamente todos os setores tiveram desaceleração no quarto trimestre. O único que não desacelerou do a administração pública", ressaltou a gerente de Contas Trimestrais do IBGE, Rebeca Palis. Ela explicou que os gastos do governo são mais estáveis, principalmente porque a maior parte da medição é feita a partir do pagamento de pessoal, que no setor público não oscila muito em momentos de instabilidade econômica como acontece no setor privado. No ano passado, o consumo do governo chegou a ter queda no segundo trimestre, de 0,2%, mas já havia subido 4,1% nos primeiros três meses - no terceiro trimestre, a alta ficou em 1,6%. Em todo 2008, o consumo da administração pública acumulou alta de 5,6% (R$ 584,4 bilhões). Famílias Já o consumo das famílias, considerado um dos componentes mais importantes para os crescimentos anteriores do PIB, apresentou queda de 2% nos últimos três meses do ano passado (em valores reais, ficou em R$ 447,821 bilhões), após alta de 2,1% no terceiro trimestre. No ano, porém, acumulou alta de 5,4% ante 2007 (ou R$ 1,753 trilhão). O indicador voltou a cair depois de altas consecutivas desde o terceiro trimestre de 2003. O peso do consumo familiar é o maior entre os componentes da demanda no PIB, chegando a 60,7%. "O consumo das famílias vem apresentando crescimento já há alguns trimestres, alguns anos. E nos últimos trimestres, era um dos fatores determinantes do crescimento (da economia). Durante bom tempo (o consumo) tinha relação com o resto do mundo sustentando o PIB", disse o coordenador de Contas nacionais do IBGE, Roberto Olinto, que ressaltou a importância da demanda mundial associada ao consumo interno para a economia brasileira. Segundo Olinto, o que afeta o consumo das famílias é em parte da renda do trabalhador, além de uma posição mais cautelosa em relação ao consumo --com a instabilidade econômica, o temor de recessão e perda de emprego, as pessoas consomem e se endividam menos. Investimento O investimento realizado no Brasil, medido pela chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), teve no quarto trimestre a maior queda da série histórica, perdendo 9,8% (ficou em ), após um forte crescimento de 8,4% no trimestre anterior. Apesar da forte queda trimestral, o indicador acumulado no ano para o investimento bateu recorde de toda a série histórica, iniciada em 1996, atingindo taxa de 13,8% (fechou em R$ 548,757 bilhões). Em relação ao PIB, a taxa de 2008 representou 19%, também o melhor resultado já anotado. Os principais impulsos foram registrados na construção civil e no setor de máquinas e equipamentos. As exportações, que já haviam caído na maior parte de 2008, tiveram queda de 2,9% no último trimestre. No acumulado de 2008, o resultado foi negativo em 0,6%. As importações de bens e serviços, que estavam em alta ao longo do ano, caíram 8,2% no trimestre. Ainda assim, o acumulado permaneceu forte, com alta de 18,5%.

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