Economia

Mantega reduz previsão de crescimento para 2009 a 1,5%

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postado em 10/03/2009 16:10
A queda do Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre de 2008 levou o ministro Guido Mantega (Fazenda) a reduzir sua previsão de crescimento para 2009. De acordo com Mantega, "ficou difícil" alcançar a meta de 4% traçada anteriormente pelo governo. O ministro avalia, no entanto, que é possível crescer acima das previsões do mercado, de cerca de 1,5%. "Os mais pessimistas falam em crescimento de 1% a 1,5% para 2009. Acredito que podemos ter mais que isso. Ficou difícil atingir aquela meta de 4% que eu vinha falando, mas o governo continuará trabalhando para que a economia tenha o melhor desempenho possível", afirmou. Sem recessão técnica Mantega afirmou que a queda de 3,6% no PIB do quarto trimestre em relação ao trimestre anterior foi uma "redução considerável do crescimento". "Essa retração se deu em todos os setores, porque boa parte da indústria parou de produzir para queimar estoques e fazer caixa. Tivemos até uma parada maior do que seria necessário pela dimensão da crise." O ministro prevê que, no primeiro trimestre deste ano, já haverá uma recuperação em relação ao quarto trimestre. "Devemos ter o primeiro trimestre com um desempenho melhor, o que nos deixa distantes de um possível problema de déficit técnico (recessão)". Segundo Mantega, a perspectiva é que o primeiro semestre também seja melhor que o último trimestre, porém inferior ao desempenho do ano passado. "No segundo semestre a economia deverá retomar um crescimento maior. O PIB brasileiro em 2009 será positivo. Será um dos poucos países que terá um PIB positivo." Segundo o ministro, como o crescimento no primeiro trimestre deve ficar acima do registrado no final de 2008, não deverá haver recessão técnica no Brasil - dois trimestres seguidos de retração na economia na comparação com o trimestre anterior. "Pelos dados que nós temos hoje não há indicação de que nós vamos ter recessão, como há na maioria dos países avançados. A tendência é que o primeiro trimestre seja melhor que o último de 2008, então não haveria recessão técnica. PIB A crise global fez a economia brasileira registrar no quarto trimestre do ano passado uma queda de 3,6% em relação ao terceiro trimestre, o maior recuo da série histórica do PIB, iniciada em 1996. Já em relação ao quarto trimestre de 2007, houve expansão de 1,3%. No acumulado de 2008, o crescimento do PIB chegou a 5,1% em relação a 2007, sustentado pelo bom desempenho dos trimestres anteriores. A preços de mercado, a economia movimentou R$ 747,152 bilhões no quarto trimestre; no ano, o PIB em valores correntes foi de R$ 2,889 trilhões. Os números divulgados nesta terça-feira mostram uma brusca desaceleração da economia brasileira, que assim como todos os países do mundo reflete a crise econômica. Acentuação A parada no crescimento ocorre depois de uma alta de 6,8% no PIB terceiro trimestre - à época, o PIB anual estava em 6,3% (dado revisado) sobre 2007. A crise começou a se acentuar em setembro, depois que a quebra de bancos nos EUA fizeram a confiança no sistema financeiro desaparecer e o crédito mundial secar. Com isso, as empresas passaram a ter dificuldade em obter financiamentos e investir no setor produtivo. As pessoas físicas, por sua vez, também com menos crédito em circulação, começaram a consumir menos. Gerou-se, assim, uma crise de demanda: com menos gente querendo comprar, menos as empresas produziam. Automaticamente, menos empregos e contratações alimentaram a queda do consumo. No final, a crise financeira se transformou em crise econômica, com reflexos na chamada economia real.

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