postado em 12/03/2009 22:19
O ex-ministro da Fazenda no governo Sarney Maílson da Nóbrega condenou nesta quinta (12/03) a utilização de bancos oficiais, como a Caixa Econômica Federal (CEF) e o Banco do Brasil, como instrumentos para suprir as empresas nacionais neste momento de escassez de crédito internacional. O economista também posicionou-se contrário à alteração nas regras em vigor, especialmente as que regem as agências reguladoras.
Na audiência pública realizada pela Comissão de Acompanhamento da Crise do Senado, Maílson da Nóbrega afirmou que ;todas as vezes em que os bancos oficiais foram utilizados para repor crédito tornaram-se, a longo prazo, depositários de maus investimentos;.
Ele fez um apelo aos parlamentares para que aprovem o mais rápido possível o projeto de lei que institui o cadastro positivo, que aguarda votação na Câmara dos Deputados. Maílson da Nóbrega ressaltou que o cadastro atua diretamente no combate à inadimplência, principal fator, a seu ver, para a redução do spread bancário (a diferença entre a taxa de juros que o banco capta e as que são cobradas ao tomador de empréstimo).
Maílson da Nóbrega também rejeitou qualquer mudança nos marcos regulatórios, especialmente o do petróleo. O próprio governo admite rever a regulação do setor para adequá-lo à nova situação criada a partir da descoberta da camada pré-sal.
;Eu rejeitaria qualquer mudança nas regras [que regulam o setor do petróleo] e também não criaria uma nova estatal, como quer o governo, porque não se mexe no que está dando certo;, defendeu o economista, na comissão.
Com o mesmo raciocínio dos demais economistas que participaram do debate, Maílson da Nóbrega considerou que o Brasil está bem preparado para enfrentar a crise mundial. Ele destacou o fato de o país, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, ter realizado o Programa de Restruturação Financeira (Proer), que possibilitou hoje aos bancos nacionais terem ;resistência; para enfrentar os efeitos negativos do setor no exterior.
O economista também destacou o fato de o Banco Central brasileiro ter meios mais eficazes de enfrentar crises do que há 20 anos. ;O Banco Central, hoje, tem grande credibilidade e previsibilidade;, disse. Isso, acrescentou ele, possibilita ao Brasil viver uma situação diferente daquelas que enfrentou em crises internacionais anteriores. ;Na primeira crise desta magnitude, com situação diferente, a inflação cai, quando antes aumentaria; a relação dívida/PIB [Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas no país] se manterá ou cairá, quando antes crescia;, destacou.
Maílson disse que ;os pecados brasileiros;, nesta crise, tornaram-se virtudes. De acordo com ele, bastou o governo reduzir o percentual do compulsório cobrado pelo Banco Central das instituições financeiras para injetar mais recursos na economia. ;A taxa de juros alta hoje é um bônus, uma vez que possibilita ao Banco Central reduzi-la para aquecer a economia enquanto os bancos centrais americano e europeus praticamente já reduziram suas taxas a quase zero ponto percentual", acrescentou o ex-ministro da Fazenda.