postado em 13/03/2009 17:55
Os advogados do gestor de fundos americano Bernard Madoff recorreram da decisão de revogar a liberdade sob fiança, que levou à detenção de seu cliente, anunciou o tribunal nesta sexta-feira (13/03).
Detido em 11 de dezembro passado, Bernard Madoff, 70, foi preso na quinta-feira depois de se declarar culpado de ter montado um gigantesco esquema de fraude que pode chegar a US$ 65 bilhões. A sentença, que poderá chegar a 150 anos de prisão, será proferida no dia 16 de junho.
O juiz do tribunal de Nova York se recusou a prorrogar a prisão domiciliar, e Madoff passou ontem sua primeira noite na prisão. Madoff é o preso número 61727-054 do Metropolitan Corretional Center.
Vários tabloides publicam hoje na primeira página fotos de uma cela idêntica a que está o golpista, de 5,5 metros quadrados e equipada com uma cama beliche, uma mesinha, um tamborete e uma janela com grades, além do vaso sanitário.
Desde a primeira ordem de detenção, no dia 11 de dezembro de 2008, Madoff - que fraudou instituições de caridade, ricos, universidades e bancos de todo o mundo - havia conseguido permanecer em seu apartamento de Upper East Side (luxuosa zona do nordeste de Manhattan), com valor estimado em US$ 7 milhões.
Madoff e sus esposa Ruth tiveram que entregar seus passaportes às autoridades e Madoff passou a usar uma braçadeira eletrônica, 24 horas por dia, com o apartamento vigiado.
Seu advogado, Ira Lee Sorkin, tentou em vão convencer o tribunal de que seu cliente não podia fugir nem causar danos, mas o juiz Denny Chin ordenou a prisão imediata, até ser divulgada a sentença.
Julgamento
Algumas vítimas se queixaram da falta de um julgamento. Nos Estados Unidos se uma pessoa se declarar culpada não precisa comparecer ante o chamado grande júri. "O juiz tinha a oportunidade de saber onde estava nosso dinheiro", disse nesta quinta-feira ao tribunal Ronnie Sue Ambrosino, que preside um grupo de 300 vítimas de Madoff.
"Queremos um julgamento, queremos ouvir as vítimas. Mas também queremos saber onde está nosso dinheiro", exclamou.
A falta de um julgamento não apenas vai impedir ouvir depoimentos vitais, mas parece evidente que Madoff se negou a colaborar com os investigadores, segundo alguns, para proteger sua mulher e seus filhos Andrew e Mark. É, no momento, o único acusado pela gigantesca fraude.
O promotor Marc Litt insistiu em que não houve clemência nem qualquer negociação com Madoff e que ia pedir a pena máxima, 150 anos de prisão.
"Não sente nenhum remorso, é um safado e provavelmente há outras pessoas envolvidas, embora seja a SEC [a CVM americana] que deveria ter sido julgada junto com ele, assim como sua mulher e filhos", exclamou Judith Welling, uma aposentada que perdeu todas as economias.