postado em 14/03/2009 09:42
Um Kandinsky original, uma tela assinada de próprio punho por Andy Warhol, um simples Rolex ou um Patek Philippe: as casas de penhor de Beverly Hills viraram depositários de verdadeiros símbolos da abundância, num momento em que os bancos americanos deixaram até os ricos sem crédito. ;Este negócio nos últimos oito meses está no auge;, afirma Yossi Dina, presidente da casa de penhor de luxo The Dina Collection, conhecido em Beverly Hills como ;o penhorista das estrelas;.
A prosperidade de Dina e outros colegas de ofício contrasta com os antiquários para os quais ;tudo está ruim; nas ruas próximas a Rodeo Drive, onde as lojas luxuosas são o principal atrativo. ;Ontem fiz minha primeira venda em mais de um mês e foi para Michael Jackson, que veio com dois seguranças e encapuzado, com um aviso anterior de seu agente, e comprou uma estátua por US$ 4,4 mil;, conta David Delijani, um iraniano que trabalha há 10 anos em um ponto estratégico de Beverly Hills.
Já no negócio de emprestar dinheiro em troca de anéis Cartier ou obras de arte famosas, a história é diferente. Os penhoristas afirmam que já receberam ofertas até por estatuetas do Oscar, que para seu pesar não podem aceitar pelo contrato que vincula o prêmio à Academia que o concede. ;Os bancos não estão dando dinheiro para pessoas de negócio, gente de peso, mas elas precisam a curto prazo;, declara Dina em um escritório repleto de contratos de penhor por colares de diamantes, um Globo de Ouro.
Os gerentes de casas de penhor parecem concordar com a frase de Peter B: ;Quando os bancos não dão crédito, somos nós que os ajudamos;. Em sua loja, Yossi Dina exibe ainda um piano para concerto de US$ 400 mil, duas Harley Davidson, três estatuetas do Emmy e alianças Cartier. Pela lei da Califórnia, os objetos podem ficar quatro meses e 10 dias no local.
Depois do período, o dono recupera o objeto devolvendo o empréstimo, ou pode negociar mais quatro meses de empréstimo a uma taxa de juros média de 4%. Beverly Hills é o emblema da riqueza no mundo, já que além das estrelas de cinema, também é residência de médicos renomados, executivos de multinacionais e empresários: todos em dificuldades em um sistema baseado no crédito.
EUA menos pessimista
Os consumidores americanos mostraram-se menos pessimistas em março, ao mesmo tempo em que foram divulgadas informações de que o déficit comercial do país diminuiu em janeiro para o menor nível em mais de seis anos. O menor déficit comercial se deu porque as importações caíram, diante da demanda fraca. Da mesma forma, a confiança do consumidor continua perto da mínima histórica.
O índice de confiança do consumidor da Reuters/Universidade de Michigan subiu para 56,6 na leitura preliminar de março, ante 56,3 em fevereiro. Economistas esperavam queda para 55. A melhora se deu com um aumento da confiança na política econômica do governo, embora muitos consumidores estejam céticos.
A pesquisa de consumidores mostrou que o índice dos que acreditam que Obama está fazendo bom trabalho subiu para 23%, ante 14% em fevereiro. O déficit comercial caiu 9,7%, para US$ 36 bilhões. Foi o sexto recuo consecutivo.