postado em 16/03/2009 16:22
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu, em Nova York, a retomada das negociações da Rodada Doha de liberalização do comércio mundial, realizadas no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC).
"Os EUA não precisam ter receio de Doha", disse Amorim. "Doha não é um grande acordo de livre comércio, mas uma mudança de regras para melhorar para todos. Visa, principalmente, chegar à eliminação de subsídios, implementar um sistema livre de cotas e tarifas para os países pobres e o reforçar o sistema multilateral, que fortalece, inclusive, a paz", explicou Amorim.
Em julho do ano passado, ministros de 35 países tentaram durante nove dias salvar a Rodada Doha, lançada no final de 2001 e que devia ser concluída em 2004. Ela, no entanto, esbarrou nos interesses contraditórios dos países exportadores agrícolas e dos países exportadores de produtos industrializados, especialmente Estados Unidos e Índia.
Para um grupo de empresários nos EUA, Amorim também valorizou a opção brasileira de diversificar seus parceiros comerciais ajuda a deixar o país menos vulnerável no momento de crise. Mas ressaltou que esse posicionamento não enfraquece o relacionamento com parceiros de longa data.
"O fluxo comercial entre Brasil e Estados Unidos duplicou em seis anos e as exportações brasileiras para os norte-americanos cresceram mais do que as de todos os países que têm acordos de livre comércio com os Estados Unidos", disse o chanceler.
A estatística, segundo Amorim, enfraquece a tese de que o Brasil esteja perdendo espaço ao buscar mercados menos convencionais, como a América Latina, África e Oriente Médio. O ministro também rebateu críticas de que a aproximação com a África não tenha trazido benefícios econômicos ao país.
"Desde 2003, o comércio com a África passou de U$ 5 bilhões para U$ 26 bilhões anuais. Se a África fosse um país, já seria o quarto parceiro comercial do Brasil", disse o chanceler.
Amorim foi o último dos ministros, que acompanham o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagem aos Estados Unidos a falar no seminário sobre oportunidade de investimentos no Brasil.