Economia

Preços de tarifas devem subir entre 2% e 3% neste ano contra 10% de 2008

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postado em 17/03/2009 08:00
Os mesmos preços administrados (tarifas públicas, principalmente), que estão impedindo uma queda mais rápida da inflação neste ano, vão dar um alívio aos consumidores em 2010 e abrir uma avenida para que o Banco Central leve a taxa básica de juros (Selic) para um patamar entre 8% e 9% ao ano (ante os atuais 11,25%). Essa previsão está sustentada na forte queda dos Índices Gerais de Preços (IGPs) ; em deflação desde o mês passado ;, que servem de parâmetro para os reajustes das contas de luz, das tarifas de telefone, dos aluguéis e dos pedágios. Nas contas do Bradesco e da SLW Asset Management, tanto o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) quando o IGP-DI (Índice Geral de Preços -Disponibilidade Interna) fecharão este ano com alta entre 2% e 3% contra os quase 10% de 2008. ;Felizmente, as tarifas públicas deixarão de ser um tormento;, reconheceu a economista Vitória Saddi, da Consultoria RGE Monitor, com sede em Nova York. ;É esse um dos motivos que está levando o mercado a prever juros cada vez menores;, acrescentou Marcelo Voss, economista-chefe da Corretora Liquidez. Historicamente, os preços administrados respondem por 30% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referência para o sistema de metas do governo. ;Quanto mais baixos são os IGPs, menores são os reajustes das tarifas públicas e menor o seu impacto no IPCA. Com isso, o BC só é obrigado a se preocupar com os preços livres, que reagem à política de juros. E como a economia demorará um tempo para reagir, os preços livres se manterão muito comportados. Tanto que estamos prevendo um IPCA abaixo do centro da meta (4,5%) em 2010;, frisou Vitória. Para Marcelo Voss, o pico da deflação dos IGPs será neste mês de março. ;É que os preços das commodities agrícolas (grãos com cotação internacional) pararam de cair e tendem a registrar recuperação nas próximas semanas;, destacou. Na contas de Carlos Thadeu Filho, economista-chefe da SLW, o IGP-M deve ter queda de até 1% neste mês. O consenso do mercado, porém, é de deflação de 0,28% ; há quatro semanas, apostava em alta de 0,33%. ;Os IGPs em queda são reflexo da forte retração econômica;, afirmou Thadeu. ;A crise está fazendo todo o serviço que teria que ser feito pelo BC para o controle da inflação;, complementou Clodoir Vieira, economista da Corretora Souza Barros. Alívio no bolso Prévia dos IGPs de março, o IGP-10, divulgado ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), cravou queda de 0,31%. A redução dos preços coletados entre 11 de fevereiro e 10 de março foi provocada, principalmente, pelo tombo dos produtos agropecuários, que despencaram 1,49% (veja quadro). No acumulado do ano, o índice está negativo em 0,62%. Em 12 meses, porém, a alta é de 6,97%, refletindo em grande parte a arrancada do ano passado, quando as commodities dispararam, sustentadas por um vigoroso movimento especulativo. A bolha das commodities só começou a murchar a partir de julho e encolheu de vez de setembro em diante, quando a crise atingiu seu ápice. Ao abrir o IGP-10 a FGV, constatou que Índice de Preços por Atacado (IPA), que responde por 60% do indicador, caiu 1,54%, sinalizando que não há nenhum repasse da alta do dólar para os preços, apesar do temor do Banco Central de que isso acontecesse ; desde agosto do ano passado, a moeda americana deu um salto de quase 40%. A Fundação também constatou que, entre as commodities agrícolas (que fazem parte do IPA), a maior contribuição veio da soja. No mês passado, o grão havia valorizado 4,77%. Neste mês, ficou 9,37% mais barato. Já o café, que, na coleta anterior, tinha subido 6,73%, agora caiu 1,53%. O milho seguiu trajetória semelhante, passando de um aumento de 5,87% para uma baixa de 7,86%. No geral, os insumos industriais caíram 0,26%. Para alegria dos consumidores, especialmente os mais pobres, que gastam mais de 80% da renda doméstica com alimentos, vários outros produtos ficaram mais acessíveis. Os alimentos in natura reduziram a alta de 3,99% para 2,64%. As carnes bovinas saíram de um aumento de 0,58% para uma queda de 2,36%. As suínas ampliaram o tombo de 9,46% para 11,37%. Essas reduções nos alimentos levaram a um aumento mais fraco do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que subiu 0,29% contra uma alta anterior de 0,64%. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) também teve forte desaceleração, passando de 0,43% para 0,01%.

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