postado em 17/03/2009 18:59
Após a crise de fornecimento de gás no ano passado no Brasil, devido à elevada geração de energia elétrica pelas usinas térmicas, o país vive hoje uma folga de 15 milhões de metros cúbicos por dia. A disponibilidade de gás é resultado da menor geração de térmicas, assim como da redução da demanda pelas indústrias.
A diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, explicou que a menor demanda industrial por gás tem dois motivos. Os elevados estoques no final do ano passado provocaram uma menor produção e, consequentemente, menor demanda por energia.
Além disso, algumas indústrias trocaram a utilização de gás como gerador de energia pelo óleo combustível, mais barato. Atualmente, o óleo combustível custa US$ 5,7 por um milhão de BTU (Unidade Térmica Britânica), enquanto o preço da mesma medida de gás vale US$ 6,6. Após a nova lei do Gás, prevista para entrar em vigor em outubro deste ano, os preços do gás passarão para US$ 7,7 por milhão de BTU.
O consumo total de gás no país registrado nesta segunda (16/03) foi de 46,2 milhões de metros cúbicos por dia, aproximadamente 22% abaixo do consumo médio de março do ano passado, de 59,6 milhões de metros cúbicos.
Do total consumido nesta segunda-feira, 30,3 milhões de metros cúbicos foram direcionados ao mercado não térmico, das indústrias. Este volume, no ano passado, era de 37 milhões de metros cúbicos.
Retomada
Segundo Graça Foster, a diferença do consumo industrial deste ano em relação a 2008 começou maior em janeiro e está diminuindo. "Há retomada suave desse crescimento em março", disse a diretora. "Muito lentamente, mas vem acontecendo de forma inequívoca, o volume de gás não térmico vem crescendo e onde ele aponta um crescimento ligeiramente maior é no segmento maior [industrial]", explicou.
Em janeiro, a diferença de consumo do mercado não térmico era de 8,7 milhões de metros cúbicos em relação ao ano passado. Em fevereiro, a diferença foi reduzida para 7,5 milhões de metros cúbicos. No último dia 12 de março, a diferença já foi de 6,4 milhões de metros cúbicos.
Estoque
A diretora da Petrobras disse que o retorno do consumo industrial é natural. "As indústrias estavam com volume significativamente alto. Ela vem queimando esse estoque, porque essa é a forma mais barata de se capitalizar. Agora, há novas produções, novos estoques vão estar se formando e elas vão medir a capacidade de colocação desse estoque no mercado", afirmou.
Além disso, da diferença de 6,4 milhões de metros cúbicos consumidos em março de 2008 para o consumo atual, 3 milhões de metros cúbicos são decorrentes da substituição do gás por óleo combustível, devido aos preços mais baixos.
Dos 15 milhões de metros cúbicos em excesso, 10,5 milhões se referem ao volume fornecido pela Bolívia. A capacidade de entrega boliviana é de 31 milhões de metros cúbicos por dia, mas o Brasil vem utilizando somente 20,5 milhões diários. O restante do que sobra hoje é de produção local.