postado em 23/03/2009 11:14
O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos apresentou nesta segunda-feira (23/03) o plano público-privado para retirar dos balanços dos bancos papéis "podres" (com alto risco de calote, como títulos lastreados em hipotecas e outros empréstimos). O governo prevê que, dessa forma, sejam mobilizados ao menos US$ 500 bilhões para compras de títulos desse tipo.
Os US$ 100 bilhões iniciais que o governo pretende utilizar no chamado "Programa de Investimentos Público-Privados" sairão do Tarp (Programa de Alívio de Ativos Problemáticos, na sigla em inglês), programa aprovado em outubro do ano passado, na gestão do presidente George W. Bush, além de recursos de investidores privados. O programa pode chegar a US$ 1 trilhão.
Sobre a precificação dos papéis, o governo vai realizar leilões entre os bancos que estão vendendo esses ativos e os investidores interessados, na expectativa de criar um fluxo de mercado. Só após uma avaliação da eficácia do programa é que o governo vai considerar empregar mais dinheiro.
"Para reduzir a probabilidade de que o governo pague um preço alto por esses títulos, os investidores do setor privado, competindo uns com os outros, vão estabelecer os preços dos empréstimos e dos papéis comprados", afirmou o Departamento do Tesouro em nota.
A medida deve ajudar a sanear os balanços das instituições bancárias americanas, que já sofreram perdas bilionárias desde o colapso do mercado de papéis lastreados em hipotecas "subprime" (de maior risco), que acabou por afetar o mercado de crédito de modo geral. Os investidores aguardavam um detalhamento do programa desde que o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, o lançou em fevereiro.
Um dos problemas para dar início ao programa era a incerteza sobre o preço desses papéis. Agora, a principal dúvida a respeito da medida é se ela vai conseguir de fato incentivar os bancos e os investidores privados a participarem. Em um comunicado, o Tesouro informou que, apesar das medidas já adotadas pelo governo para tentar reativar o crédito, "o sistema financeiro ainda trabalha contra a recuperação econômica".
Um dos principais motivos para isso são empréstimos para o setor imobiliário mantidos diretamente pelos bancos em seus balanços e títulos lastreados em papéis de dívida. "Tais ativos criam incerteza sobre os balanços das instituições financeiras, comprometendo a capacidade delas de levantar capital e a disposição em ampliar os empréstimos."