postado em 24/03/2009 15:55
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta terça-feira (24/03) que o novo pacote dos EUA de ajuda a bancos é uma iniciativa "bem vinda" para atenuar os efeitos da crise econômica mundial. Mantega destacou também a aprovação de uma nova linha de crédito do Fundo Monetário Nacional (FMI) para ajudar países em desenvolvimento.
O Tesouro dos EUA apresentou ontem um plano público-privado para comprar e retirar dos balanços dos bancos os "ativos tóxicos" (papéis de alto risco de calote). A expectativa é mobilizar ao menos US$ 500 bilhões na compra desses títulos.
De acordo com Mantega, a questão dos "ativos tóxicos" é hoje o principal obstáculo para a regularização do crédito e da confiança internacional. "É um passo importante. Eu não sei qual é a eficácia, não estudei a fundo ainda o programa. Mas tudo o que for feito no sentido de equacionar essa questão dos ativos tóxicos é bem vinda e é urgente, porque até agora isso não foi regularizado. Nós apoiamos todas as medidas que eles tomarem para administrar isso", afirmou.
FMI
Mantega destacou também a aprovação hoje de uma nova linha de crédito do FMI, que emprestará dinheiro a países em dificuldade sem exigir, em troca, o cumprimento de metas fiscais. A linha era uma reivindicação do Brasil. De acordo com o ministro, para ter acesso a esse dinheiro, o país deve ter um histórico de solidez econômica.
"Essa linha é um grande avanço dentro do FMI, porque ela não exige aquele monitoramento e o estabelecimento de metas de desempenho que havia nas linhas anteriores. Essa linha era um pleito do Brasil. É praticamente uma vitória nossa", disse Mantega.
A linha tem três anos e meio de carência e cinco anos para pagar. As taxas de juros são reduzidas, de 1,5% a 3% ao ano.
O FMI já possui US$ 250 bilhões de capital e deve receber mais US$ 100 bilhões do Japão para esses empréstimos.
O Brasil irá defender que outros países que fazem parte do G-20, como EUA e China, também coloquem mais recursos no Fundo. O ministro estima que são necessários de US$ 500 bilhões a US$ 1 trilhão a mais de aportes no FMI para atender essa demanda.
Mais dinheiro
O governo brasileiro irá defender ainda a criação de uma linha especial para financiar as importações e exportações dos países emergentes, o que demandaria mais US$ 100 bilhões do FMI.
De acordo com Mantega, o Brasil não vai pegar dinheiro emprestado do Fundo novamente. Mas essa linha será importante para que os países que importam produtos brasileiros possam retomar as suas compras. As exportações e as importações brasileiras acumulam queda de mais de 20% neste ano.
"O Brasil conseguiu acomodar as suas necessidades de crédito. É mais importante que você dê o crédito àqueles que importam produtos do Brasil. As exportações brasileiras caíram porque parte dos países importadores está sem crédito."