postado em 26/03/2009 16:14
O ICC (Índice da Confiança do Consumidor), em queda desde agosto do ano passado, atingiu em março o menor patamar desde o início da série histórica da FGV (Fundação Getúlio Vargas), iniciada em setembro de 2005. O patamar de 94,2 pontos representa uma queda de 0,7% em relação a fevereiro e de 17,9% em relação a março do ano passado, quando a economia passava por um forte momento de expansão.
De acordo com o coordenador da FGV, Aloísio Campelo, houve estabilidade de expectativas do consumidor, mas uma piora da avaliação sobre a situação atual da economia. Isso poderia significar, segundo Campelo, que a confiança pode ter chegado ao seu ponto mais baixo e que, nos próximos meses, volte a ter uma recuperação. "Se depender da visão do consumidor brasileiro hoje, as medidas tomadas para estimular o consumo têm que ser mais fortes, porque o consumidor está insatisfeito", disse.
O coordenador da FGV ressaltou que há necessidade de melhoria da confiança para que o consumidor volte a planejar a compra de bens duráveis, índice que atingiu o patamar mais baixo da série histórica, de 1995. Aos 66,6 pontos, o indicador apresentou queda de 2,1% em relação a fevereiro. "O cenário de incertezas em relação a uma possível recuperação da economia faz com que o consumidor postergue decisões de tomada de crédito para compra de bens duráveis", explicou Campelo.
Para uma retomada do consumo, o especialista acredita ser necessária continuidade de queda da taxa de juros. Além disso, o consumidor precisa perceber na prática a queda da inflação, o que ainda não vem acontecendo no início do ano, período de reajustes de matrículas escolares. O indicador mostra "um investidor ainda cauteloso em relação a contrair novas dívidas para consumo".
O Índice da Situação Atual, aos 98,3 pontos, apresentou uma piora de 1,1% em relação a fevereiro. A queda na comparação com março de 2008 foi de 19,3%.
O pessimismo pode ser percebido na parcela dos entrevistados que acredita que a situação atual é ruim: 52,5%. Somente 7,4% dos que responderam ao questionário veem a situação atual como boa. Apesar de uma percepção ruim do ambiente econômico, no ponto de vista micro, da situação da família, houve melhora de percepção de 0,7% em março, para 103,9 pontos.
Expectativas
Já o Índice de Expectativas, que mede a confiança do consumidor nos próximos seis meses, manteve-se estável em março, aos 92,6 pontos. Apesar da estabilidade, este é o menor nível desde o início da série histórica.
A expectativa sobre a situação da economia local voltou a apresentar melhora em março, após quedas sucessivas desde setembro passado. Este mês, o indicador subiu 1%, para 89,7%. E a situação financeira futura da família apresentou melhora de 1,6% das expectativas.
Na comparação com outros países, o brasileiro só perde para o consumidor chileno, mas mostra-se mais otimista do que os colombianos, os europeus e os argentinos. Os mais pessimistas, de acordo com a FGV, são os americanos - no centro gerador da crise financeira internacional.
No Brasil, desde o agravamento da crise, as duas faixas de renda que apresentaram maior queda na confiança são as extremidades. Quem recebe até R$ 2,1 mil apresentou queda de 17,8% em março em relação a outubro.
Os consumidores cuja renda fica acima de R$ 9,6 mil apresentaram perda de confiança de 17%. Os menos pessimistas são aqueles com renda mensal entre R$ 2,1 mil e R$ 4,8 mil, com queda de 9,2% da confiança no mesmo período, enquanto consumidores cuja renda fica entre R$ 4,8 mil e R$ 9,6 mil tiveram retração da confiança de 12,1%.