Os preços da moeda americana tiveram uma forte alta de 2,36% nas operações desta sexta-feira (27/03) e atingiram R$ 2,293, a cotação mais alta dos últimos 15 dias. Nas casas de câmbio paulistas, o dólar turismo foi negociado por R$ 2,410, com avanço de 2,11%.
Apesar da disparada de hoje, o mercado de câmbio emendou o décimo dia em que as taxas concluíram o expediente abaixo do patamar de R$ 2,30, sendo R$ 2,297 o valor mais caro pelo qual a moeda americana foi trocada. Na semana, o dólar acumulou valorização de 1,68% na semana. "O mercado ficou com algum fluxo negativo nestes últimos dias e era natural que em algum momento o preço do dólar tivesse algum retorno", comenta Marcos Trabold, da mesa de operações da corretora B.
Profissionais de mercado listam pelo menos três motivos para explicar a oscilação brusca desta sexta-feira. Primeiro, agentes financeiros que aproveitaram a baixa dos preços para manter alguma posição comprada em dólar; segundo, a antecipação da tradicional disputa pela Ptax (a taxa cambial calculada pelo Banco Central) entre "comprados" e "vendidos" no mercado futuro, com a proximidade do final de mês. E terceiro, a especulação com os leilões de "swap" cambial promovidos pelo Banco Central nesta semana.
Nesses leilões, o BC oferece contratos em que assume o risco cambial em troca do pagamento de juros pela outra parte. A autoridade monetária começou nesta semana a renovar os contratos já leiloados que vencem no início de abril. Como não conseguiu, até esta sexta-feira, trocar uma parcela dos títulos a vencer, uma parcela dos agentes financeiros puxou as taxas de câmbio, com a especulação de que o BC poderia teria que ir a mercado para comprar moeda para saldar esses compromissos. No final desta tarde, no entanto, a autoridade econômica avisou que deve realizar novo leilão na segunda-feira para renovar o estoque restante de contratos.