Economia

Famílias brasilienses sentem no bolso o peso da inflação

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postado em 29/03/2009 09:00
Sair às compras é um prazer para muitos consumidores. O problema é que esse programa fica cada vez mais pesado para o bolso. Nos últimos 12 meses, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) em Brasília foi de 6,56%, acima da taxa nacional de 6,14%. São índices fortes em um momento de crise econômica. Para muitas famílias, o aumento do custo de vida em um ano foi muito acima da inflação. Isso porque produtos e serviços básicos tiveram alta superior ao IPC. Assim, quem consome mais essas mercadorias acaba perdendo poder de compra. Só o arroz, por exemplo, subiu 30,94%, uma facada na renda de quem tem muitas bocas para alimentar. Que o diga Dario Miotto, empresário aposentado responsável por boa parte das despesas de uma casa onde vivem seis pessoas e uma cachorra. Mesmo dividindo as despesas com a esposa, Virgínia Barbachan, as contas teimam em não se ajustar ao orçamento. Isso porque os preços estão nas alturas. ;Está muito difícil manter tudo com esse custo de vida;, reclama Virgínia, servidora pública. O lamento tem um alvo principal: o supermercado. O casal desembolsa mensalmente R$ 3 mil em compras em diversos mercados de Brasília. ;Noto que as coisas subiram mais do que o divulgado pelo governo;, diz Dario. E olha que o casal se esforça para pagar menos. ;Vou sempre atrás das pechinchas e das promoções;, conta Virgínia. A peregrinação por vários estabelecimentos comerciais, no entanto, não leva os preços a patamares mais baixos. ;Tudo subiu, principalmente os alimentos;, constata a dona da casa. Na verdade, alguns preços caíram, mas essas quedas não têm muita força nos índices de inflação. Um exemplo é a tarifa de luz elétrica que teve redução de 0,24% em 12 meses. O feijão carioca também ficou mais barato e teve variação negativa de 39,93% no mesmo período. Essa última redução, entretanto, nada mais é do que um ajuste após anos de muitos aumentos no grão. ;O feijão teve histórico de altas extraordinárias que beiraram 120% que agora estão sendo devolvidas ao preço;, explica André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), instituição responsável pelo cálculo do IPC. Se de um lado alguns produtos e serviços puxam o custo de vida para baixo, de outro, os preços em disparada ganham o cabo de guerra. De acordo com a FGV, as carnes bovinas subiram 18,22% de janeiro para cá. As aves ficaram 9,6% mais caras e os cortes suínos, 13,97%. O tradicional pão francês saltou 31,31% (veja lista ao lado). Há ainda o aumento dos produtos não contabilizado pelos índices de inflação. Um deles é o pão de queijo comprado por Manuella Miotto, 10 anos, filha de Dario e Virgínia. ;A cantina vendia a R$ 1 no ano passado e agora cobra R$1,50;, diz a menina, indignada com o reajuste de 50% no lanche. A mãe dela também lamenta o aumento no lanche escolar. Além de comprar guloseimas para Manuella, ela adquire biscoitos, frutas e sucos para seu filho Mateus Raposo, 7 anos, e seu neto, João Henrique Miotto. De fato, esses produtos tiveram aumento. Segundo a FGV, os biscoitos subiram 9,91%. A comida da cadela de estimação, Lilica, também ficou mais salgada. Pelo IPC, a ração animal subiu 12,99%. ;Os alimentos de cães e gatos sofrem muito com as variações das commodities milho, soja e também da carne;, explica André Braz. Sorte da família que Lilica prefere comer os restos de comida da família. Para quem quer economizar mesmo com preços em alta, Braz sugere uma boa organização da despensa. ;Assim é possível evitar compras de mercadorias repetidas;, ensina. Outra dica é levar uma lista ao mercado e se ater a ela. ;Essa é uma boa forma de não comprar supérfluos;, completa Braz.

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