postado em 30/03/2009 08:50
A venda de veículos no Distrito Federal vai fechar março no mesmo patamar dos meses antes do estouro da crise internacional, quando o país crescia fortemente e as perspectivas para o futuro próximo da economia eram positivas. Com a mudança no cenário mundial, o comércio de automóveis no Brasil sofreu um baque nos últimos três meses do ano passado. Para evitar um tombo muito maior, o governo federal anunciou a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o que fez os preços dos carros ficarem até 7% menores. A estratégia ajudou o setor que deve alcançar, até amanhã, 9 mil unidades vendidas apenas no DF, segundo Alessandro Soldi, diretor do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos Autorizados (Sincodiv-DF). A média antes da crise era de 8,5 mil carros por mês.
;O problema provocado pela crise no nosso setor foi a falta de dinheiro para empréstimos e a insegurança do consumidor, mas o governo conseguiu resolver essas questões;, afirmou Soldi. ;Os bancos voltaram a emprestar e neste mês de março emplacamos mais que no período de vendas aquecidas;, revela. ;O momento está melhor que antes da crise;, avalia Dirred Ali, vendedor da Estação Fiat conhecido como Didi.
Segundo Marcelo Sampaio, diretor da concessionária Citroën Saint Moritz, as vendas de março alcançaram o mesmo patamar das do primeiro semestre de 2008. ;Estamos vivendo um momento mágico;, define. A magia parece ser repetida em pontos de vendas das mais diversas marcas. A loja da Ford Slavieiro no Setor de Indústrias e Abastecimento (SIA) está sempre cheia, segundo o gerente Antônio Cordeiro. ;Nossas vendas subiram 15% em relação ao primeiro trimestre do ano passado;, revela.
O mercado vai tão bem que o grupo Saga, dono de quatro concessionárias em Brasília, inaugurou uma nova loja no Colorado em 12 de março e, nessas primeiras semanas de funcionamento, ostenta a marca de 50 carros comercializados. ;Contratamos 30 funcionários para essa loja e ainda estou entrevistando candidatos para três vagas em outra revenda do grupo;, conta Soldi, que também é diretor da rede Saga.
Prorrogação
Em conversas entre sindicalistas, montadoras e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, na sexta-feira acordou-se a manutenção do IPI reduzido, programada para terminar esta semana. A prorrogação deve ser anunciada oficialmente hoje ou amanhã. Enquanto a notícia oficial não chega, as concessionárias aproveitaram a previsão do fim da redução para atrair consumidores às lojas no que, teoricamente, foi o último fim de semana com desconto no imposto. A tática deu certo e muitos pontos de venda do SIA estavam abarrotados. Pelo que parece foi uma bela jogada de marketing.
O casal Bruno e Andrea Barra saiu em busca de veículos mais em conta. ;O preço nos atraiu, mas na hora de revender o nosso usado a desvalorização foi muito grande;, diz Andrea, 29 anos, professora. Ela lamenta estarem oferecendo R$ 10 mil a menos que o preço de tabela por seu automóvel. ;No ano passado, olhei antes do anúncio da redução do IPI e a oferta pelo meu carro foi melhor, me arrependo de não ter trocado naquela época;, confessa.
O analista de sistemas Allison Luiz Lopes e a esposa, Monique Olivieri, planejavam trocar de carro nesta época do ano e acabaram aproveitando a redução do IPI para pesquisar os preços. Apesar de ter ido em busca de um veículo no fim de semana, Lopes está confiante de que o imposto continuará menor nos próximos meses. ;O governo não vai dar um tiro no pé e se manchar em ano pré-eleitoral;, analisa Lopes. Divina Dantas, 49, optou por comprar um Polo no sábado para aproveitar o desconto do IPI e ainda jogar as prestações mais para frente. A estratégia deu certo e ela economizou R$ 3 mil por conta do imposto menor.
Segundo o Sincodiv, dos carros vendidos no DF, cerca de 70% são financiados. Assim, se o governo mudar de ideia e não prorrogar a redução do IPI Soldi acredita que o impacto não será muito forte, pois a diferença de até 7% no preço do veículo acaba diluída nas parcelas do automóvel. Quem paga à vista, ao contrário, pode sair perdendo com a volta do imposto. ;Nos carros financiados, o impacto da volta do IPI não será tão grande;, avalia o diretor do Sincodiv.
Para Soldi, o aumento dos preços com o hipotético retorno do IPI não deve prejudicar tanto a venda de carros no DF. ;Acho que cairíamos a um patamar de 7.800 unidades emplacadas por mês;, prevê. O número é maior até que o atingido no começo deste ano. Para o vendedor Didi, que foi recordista nacional de vendas da Fiat repetidas vezes, suspender o benefício do imposto seria um grave equívoco. ;Se o governo não prorrogar a redução vai ser um estrago;, alerta.