postado em 30/03/2009 10:14
A equipe de trabalho do governo dos Estados Unidos para a indústria automotiva exigiu uma reformulação dos planos de reestruturação das montadoras General Motors (GM) e Chrysler, para que libere novas ajudas a ambas, segundo reportagem desta segunda-feira (30/03) no site do diário americano "The New York Times" ("NYT").
Segundo o "NYT", a Casa Branca solicitou que a Chrysler se associe com o fabricante italiano Fiat em um prazo de 30 dias, como condição para voltar a receber ajuda governamental. Membros do governo, que pediram para não serem identificados, disseram que, para as duas companhias, aceitar algum tipo de quebra para reduzir dívidas "poderia ser uma opção".
As mesmas fontes também afirmaram que membros do governo dos EUA tinham considerado que "nenhum" dos planos apresentados pela GM e pela Chrysler tem viabilidade e, portanto, não garantem os "substanciais" investimentos adicionais que solicitaram.
A reportagem diz ainda que, na avaliação da equipe do governo, a GM fez um progresso "considerável" no desenvolvimento de modelos mais eficientes no consumo de energia e pode sobreviver se fizer um corte "acentuado" de custos. O governo dará 60 dias à GM para apresentar um plano de cortes de gastos e vai conceder ajuda para que se mantenha aberta nesse período.
A GM confirmou na noite deste domingo (29/03) a renúncia imediata de Rick Wagoner como presidente da empresa. Fritz Henderson, até então chefe operativo, assume o cargo. Em uma nota publicada no site da empresa, Wagoner afirmou que se reuniu em Washington na sexta-feira com funcionários do governo que pediram sua saída para que a companhia pudesse continuar a receber ajuda estatal.
A GM tem mantido suas fábricas em funcionamento devido aos US$ 13,4 bilhões emprestados por Washington desde dezembro, e afirma que ainda pode precisar de mais até US$ 16 bilhões nos próximos anos.
Ontem, o presidente dos estados Unidos, Barack Obama, disse, em entrevista ao programa "Face The Nation", da rede CSB, que os fabricantes americanos de veículos precisam se esforçar mais para reestruturar o setor automobilístico e obter ajuda adicional do governo.
Plano
Hoje, Obama vai anunciar detalhes de um pacote de ajuda do governo para o setor automobilístico. Duas fontes ouvidas pelo "NYT" disseram que alguma forma de reestruturação através de concordata pode ainda ser a alternativa para uma ou mesmo ambas as montadoras.
No último dia 17, Wagoner disse confiar em que a empresa conseguirá se reestruturar fora da corte de falências e que um pedido de proteção sob o capítulo 11 da Lei de Falências americana - o que equivaleria a uma concordata (ou a uma recuperação judicial no Brasil) - levaria a uma perda considerável de controle por parte da diretoria da empresa.
Ele disse que uma concordata "poderia funcionar, mas talvez não funcione", segundo o jornal americano "The Wall Street Journal" ("WSJ").
Já o executivo-chefe da Chrysler, Robert Nardelli, disse no mesmo dia que a possibilidade de uma concordata não foi descartada pela força-tarefa do governo. "Todas as opções estão sobre a mesa", disse Nardelli à rede americana de TV CNBC. "Eles [a força-tarefa do governo] não disseram que a concordata está definitivamente fora de questão. Acho que eles estão sendo muito cuidadosos para não sinalizarem nenhum tipo de decisão." Nardelli disse também que a parceria com a italiana Fiat é "essencial" para a empresa, e a parceria levaria a economias que poderiam ser utilizadas para pagar os recursos recebidos pelo governo.