postado em 03/04/2009 08:19
O Brasil saiu como protagonista da reunião do G-20, grupo que reúne os 20 países mais ricos do planeta. Se antes do encontro havia muita desconfiança na capacidade de o país influir nas decisões, o que se viu depois do anúncio das medidas foi que boa parte das propostas brasileiras foram encampadas. Entre elas, a punição aos paraísos fiscais e a maior regulamentação do sistema financeiro mundial. ;O Brasil mudou de patamar. Entrou para o centro das decisões mundiais;, disse o economista Eduardo Collor, da Ativa Corretora.
Na avaliação de Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central e diretor do Centro de Economia Mundial do Fundação Getulio Vargas (FGV), a imagem e a credibilidade do Brasil saíram muito fortalecidas do encontro realizado em Londres. ;O Brasil tem sido o exemplo de país emergente que está gerenciando a crise com responsabilidade macroeconômica, sem cair na armadilha do protecionismo nem no canto da sereia do populismo;, afirmou. ;E isso tudo foi magnificado pela figura do presidente Lula, que mostrou, mais uma vez, o seu carisma. Mostrou para o mundo que é popular sem ser populista, o que é raro na América Latina;, completou.
Para Langoni, a figura de Lula cresce num momento em que há uma terrível escassez de líderes no mundo. ;Não deixa de ser muito interessante o que aconteceu. O Brasil era cliente preferencial do Fundo Monetário Internacional (FMI) e, agora, vai ser um dos principais atores no fundo e vai participar da sua capitalização;, destacou. A seu ver, o Brasil terá um papel muito importante na regulamentação do sistema financeiro internacional por causa das suas regras prudenciais e sua experiência com o Proer, o Programa de Reestruturação do Sistema Financeiro, que evitou o colapso do mercado bancário brasileiro com o fim da hiperinflação.
Voos altos
;Tudo isso credencia o Brasil a dar voos mais altos, principalmente em direção a uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU;, assinalou Langoni. ;Mas também dá mais responsabilidade ao país, que terá que contribuir com a solução dos problemas do mundo;, acrescentou. Essa mesma avaliação foi feita por Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios. ;O fato de ter um sistema financeiro sólido num momento em que os maiores bancos do mundo ruíram, dá muito respeito ao país;, assinalou
Na visão do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o G-20 marcou ;uma nova definição do poder mundial;, com a maior presença dos países emergentes nas discussões globais, entre eles o Brasil e a China. ;Hoje, não se pode mais pensar em discussões macroeconômicas sem a presença da China;, disse. Meirelles afirmou ainda que a imposição de regras mais rígidas para o sistema financeiro mundial será fundamental para que a economia evite uma retração como a vivenciada atualmente.