postado em 03/04/2009 15:56
A AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) considerou uma ameaça para o mercado brasileiro a proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que Brasil e China adotem o real e o yuan como moeda comercial, em substituição ao dólar.
O diretor da associação José Augusto de Castro afirmou que esse sistema interessa somente à China, que "está com excesso de dinheiro e, no fundo, estaria vendendo um financiamento" para aumentar suas exportações ao Brasil.
Essa medida pode ser aplicada por "países carentes de divisas, que não têm reservas cambiai (internacionais), mas para o Brasil não seria favorável porque o momento não é de facilitar indiretamente as importações, e sim para fortaleces nossas exportações e o mercado interno", afirmou.
O presidente brasileiro afirmou nesta sexta-feira que propôs ao colega chinês Hu Jintao começar "a discutir que as trocas comerciais entre China e Brasil passem a ser feitas nas moedas do Brasil e da China". Lula, que se reuniu nesta quinta-feira (2) em Londres com o chinês --durante o encontro do G20 (grupo dos países ricos e principais emergentes)--, recordou à imprensa brasileira que viajará à China em maio, quando o tema poderá ser tratado novamente.
Brasil e Argentina já estableceram no fim de 2008 um sistema que permite pagamentos do fluxo comercial em suas respectivas moedas, embora isso ainda esteja apenas no início.
Para o representante dos exportadores, a adoção de moedas locais com a Argentina, com quem o Brasil tem superávit comercial, vela a pena. O comércio entre Brasil e China somou US$ 36,4 bilhões em 2008, com superávit favorable ao país asiático em US$ 3 bilhões. Com a Argentina, no câmbio, para um comércio de US$ 30,8 bilhões em 2008, o saldo positivo brasileiro é de US$ 4,3 bilhões.