postado em 07/04/2009 16:52
O uso do crédito por parte dos consumidores americanos - através de cartões de crédito e outras formas de empréstimos-- teve queda anualizada de 3,5% em fevereiro. Em valores, a queda foi de US$ 7,48 bilhões. Os dados foram divulgados nesta terça-feira pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
A queda de fevereiro se segue a uma alta de 3,8% (de US$ 8,14 bilhões) em janeiro - primeira alta em três meses.
A queda superou em muito as previsões dos analistas, que estimavam uma queda entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão.
O crédito não rotativo - que inclui financiamentos com prazo estipulado, como crédito estudantil e para compra de itens como carros e pacotes de viagem - teve uma ligeira alta de 0,2% (US$ 313 milhões).
Já o crédito rotativo, como no caso de cartões de crédito, teve queda de 9,7% (US$ 7,79 bilhões) em fevereiro.
Segundo analistas, a queda no uso do crédito por parte dos consumidores americanos reflete a desconfiança sobre a situação da economia dos EUA (em recessão desde dezembro de 2007), principalmente devido à deterioração no mercado de trabalho -- a economia americana perdeu 663 mil postos de trabalho em março, e a taxa de desemprego subiu para 8,5%, maior desde novembro de 1983, quando estava no mesmo patamar.
No mês passado, o número de pessoas desempregadas no país atingiu 13,2 milhões. Nos últimos 12 meses, o número de desempregados cresceu em cerca de 5,3 milhões e a taxa de desemprego cresceu em 3,4 pontos percentuais. Metade do avanço tanto no número de desempregados como na taxa de desemprego ocorreu nos últimos quatro meses.
O consumo das famílias é um dos pilares da economia norte-americana, já que responde por dois terços do PIB (Produto Interno Bruto) do país. Justamente a contração do crédito, aliada à alta do desemprego e da inadimplência têm feito a economia "paralisar" e entrar em uma espiral negativa, com queda de produção e mais desemprego.
Programa
No início de março, o Fed lançou um programa para impulsionar a oferta de crédito a consumidores e pequenas empresas, no valor de US$ 200 bilhões. O programa foi anunciado em novembro do ano passado e a previsão era de que entrasse em vigor em fevereiro deste ano.
O objetivo é que os recursos cheguem a consumidores para, por exemplo, quitar dívidas de cartão de crédito, pagar créditos estudantis e financiar compras de itens como automóveis. Além disso, irá ajudar pequenos empresários a manter as portas abertas.
O programa chamado de Talf (Instrumento de Empréstimos contra Títulos Garantidos por ativos, na sigla em inglês), do qual também participa o Departamento do Tesouro, tem potencial para movimentar até US$ 1 trilhão em empréstimos para consumidores e empresas, diz o Fed.