Economia

Bebidas produzidas no DF tem sabores premiados nos EUA

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postado em 12/04/2009 08:39
Olfato apurado, conhecimento técnico e paixão por destilados são alguns dos ingredientes que, há seis anos, o gaúcho radicado em Brasília José Pires Gonçalves, 77 anos, usa para produzir bebidas em Planaltina de Goiás. Os brasilienses são os principais consumidores e demonstram bom gosto. Duas de suas cachaças Alma Gêmea (uma pura e a outra envelhecida em barris de carvalho) e o rum Barão do Cerrado acabam de ser premiados no mais rígido concurso de destilados do planeta, o San Francisco World Spirits Competition, no estado da Califórnia, Estados Unidos. A aguardente Alma Gêmea Platina (incolor, popularmente chamada de branca) e o rum arrebataram medalha de prata, enquanto a Alma Gêmea Ouro (envelhecida) saiu com uma de bronze. O prêmio também conferiu mérito à Confraria Clube da Cachaça do Distrito Federal, que em 2005 deu à Alma Gêmea o título de Cachaça do Ano. Pela simples curiosidade de conhecer o resultado da mais especializada avaliação de destilados do mundo, Gonçalves decidiu ir além e participar do concurso internacional. Inscreveu, com o desembolso de US$ 400 por produto, suas quatro bebidas. Ficou sabendo, por e-mail (o concurso não permite a presença de produtores ou lobistas), que havia conquistado três medalhas para os produtos da Fazenda Ouro Verde. Exportação A recente conquista já rendeu bons frutos. A importadora francesa de destilados, Part des Anges, de Paris, que compra cachaças Alma Gêmea branca e Ouro para a Europa há quase três anos, aumentou a encomenda. Assim que soube dos prêmios, solicitou o envio de 10 mil garrafas, frente às 6 mil do último pedido. As cachaças Alma Gêmea são exportadas para países como França, Bélgica, Finlândia e Noruega. Apenas a cachaça envelhecida em barris de amburana (;sabor; que pode ser considerado um pouco mais exótico) não foi agraciada com medalha. O rum Barão do Cerrado enfrentou tradicionais concorrentes da América Central, como Jamaica, Cuba, Martinica, Porto Rico, República Dominicana, Trinidad e Tobago, e Venezuela. O responsável pelo empreendimento comemora. ;O mais interessante foi a quantidade dos prêmios para uma só destilaria. Foi uma façanha;, orgulha-se. A premiada destilaria Pires Gonçalves é modesta. Em parte, esse é um dos segredos da qualidade de seus produtos, atestada internacionalmente. Por ano, a fabricação é de 30 mil a 35 mil litros dos destilados, que são armazenados em 249 barris nos três pavilhões da destilaria. A produção média anual pode atingir 40 mil garrafas. O rum Barão do cerrado e as cachaças Alma Gêmea levam dois anos para serem engarrafados. E a cana de açúcar, uma espécie de maior espessura que gera mais rentabilidade do açúcar, é plantada na própria fazenda. Gonçalves esclarece que não vai elevar a produção. E faz questão de salientar o cuidado minucioso com o processo de produção, que envolve a filtragem de impurezas da cachaça e do cobre liberado pelo alambique. ;Quero sempre colocar minha cachaça em lugares privilegiados;, comenta. ;Na verdade, o que eu faço é vender felicidade engarrafada;, descontrai. Os franceses que o digam: a Alma Gêmea é considerada a destilada do momento por revistas especializadas. Exigência Em 21 e 22 de março, 21 países participaram com 450 expositores da San Francisco World Spirits Competition. A degustação das bebidas ficou a cargo de 27 juízes, entre masters sommeliers, escritores, donos de adegas, jornalistas especializados e donos de destacados restaurantes. A degustação de alguns dos líquidos mais desejados do globo é feita às cegas (sem saber a marca do produto). As cachaças e o rum de Gonçalves disputaram na categoria destilados, onde também entraram vodca, gim, tequila e outros. Além desta, mais três categorias fazem parte da competição: uísques, brandies e licores. O rigor é tamanho que os juízes podem não premiar nenhuma bebida. Foi o que aconteceu com o rum, que desde 2006 não teve nenhuma marca com qualquer medalha. Os jurados vestem jaleco branco, são proibidos de encostar nas bebidas degustadas em taças de cristal austríaco. Os expositores enviam seus produtos pelos Correios, ficam em seus países e não são informados sobre os outros concorrentes. Se forem vencedores, podem saber somente os nomes das marcas premiadas na mesma categoria.

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