postado em 20/04/2009 18:25
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou com retração de quase 3% nesta segunda-feira (20/04), seguindo a tendência dos mercados internacionais e com os investidores embolsando ganhos ante a alta recente dos preços das ações neste mês. Nem mesmo o desempenho favorável do Bank of America, nos Estados Unidos, foi suficiente para reverter o ímpeto do mercado.
O Ibovespa, termômetro dos negócios, encerrou em queda de 2,94%, 44.433 aos pontos. A variação negativa é a maior desde 30 de março, quando recuou 2,99%. No mês, no entanto, a trajetória ainda é de valorização, de 8,57%.
"Hoje foi de queda forte, porque demorou demais para realizar lucro. O cenário tem uma indefinição muito grande, mas uma coisa positiva é que a crise de confiança está começando a se dissipar", disse Jason Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria Econômica, que estima um cenário de quedas menos expressivas ou até de alta para os próximos dias.
O dólar comercial fechou em alta de 2,27%, cotado a R$ 2,244. Neste mês, a divisa norte-americana ainda acumula retração de 3%. A taxa de risco-país marca 402 pontos, número 5,51% superior ao da pontuação anterior.
Nos Estados Unidos, o investidor também procurou embolsar lucros. A Nyse (Bolsa de Nova York) caiu de 3,56% para o índice DJIA (Dow Jones Industrial Average), que atinge os 7.841,73 pontos. O índice Nasdaq, de elevado teor tecnológico, recuou 3,88%, aos 1.608,21 pontos.
Nem mesmo o resultado positivo do Bank of America no primeiro trimestre do ano foi suficiente para conter o ímpeto dos investidores e conduzir os negócios para o campo positivo. Segundo divulgou a instituição financeira hoje, o lucro líquido foi de US$ 4,2 bilhões nos três primeiros meses do ano. O resultado foi quase três vezes maior que os do mesmo período do ano anterior --quando o lucro foi de US$ 1,2 bilhão.
O ganho do banco por ação foi de US$ 0,44 --o que surpreendeu os analistas, que previam um ganho de apenas US$ 0,04 por ação. No quarto trimestre do ano passado o banco registrou um prejuízo de US$ 1,7 bilhão. A receita do Bank of America entre janeiro e março ficou em US$ 36 bilhões. O banco fez ainda um acréscimo de US$ 6,4 bilhões a suas provisões para arcar com perdas ligadas a inadimplência. Alguns analistas também atribuíram a queda dos mercados de hoje às incertezas quanto à qualidade dos dados apresentados e das dívidas da instituição financeira. "O lucro do Bank of America veio bem, mas com pormenores negativos. Aumentaram, por exemplo, a inadimplência. O desempenho não foi favorável na parte financeira", segundo a Alpes.
"Os resultados são positivos. Mas é possível usá-los como desculpa (para a queda do valor dos papéis em um dia de realização de lucro). É óbvio que não está bom, com tantos ativos podres. O Bank of America foi um dos articuladores do subprime [créditos de alto risco]. Mas o resultado foi positivo e só não fez as Bolsas subirem, porque ocorreu nesta semana, de ajuste", disse Vieira.
O barril do petróleo cru para entrega em maio encerrou o dia negociado a US$ 45,88, na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex, na sigla em inglês), em queda de 8,84% na comparação com os negócios de sexta-feira (17/04). Segundo Vieira, o mercado de petróleo tem acompanhado o de capitais.
"Petróleo desabou. É normal. O petróleo está subindo com a Bolsa. O preço da commodity só sobe na perspectiva de crescimento da economia. Se a Bolsa cai, dá a sensação negativa e cai também, além de haver o efeito de realização de lucro", diz o economista-chefe da UpTrend Consultoria Econômica.