postado em 21/04/2009 08:44
Com dois dias de atraso, as redes varejistas que atuam no Distrito Federal atualizaram preços e repassaram para o consumidor a queda do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os eletrodomésticos autorizada pelo governo federal na última sexta-feira. Ontem, a remarcação já estava sendo feita nos valores das geladeiras, fogões, tanquinhos e máquinas de lavar e os vendedores estavam orientados a informar aos clientes que as etiquetas continham o desconto referente ao imposto, diferentemente do que ocorreu no último fim de semana.
A queda no IPI foi de até 10 pontos percentuais, mas, segundo informaram as lojas, chegou a até 20% no preço final de alguns produtos. ;Se a redução do IPI foi de 5%, o que se espera é uma queda em torno de 5% no preço definitivo, mas o varejo está repassando até mais, não porque seja bonzinho, mas porque quer vender e a concorrência está acirrada;, afirma o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula.
A redução, autorizada pelo governo para incentivar o consumo em época de crise econômica, foi de 15% para 5% no caso das geladeiras, de 5% para zero nos fogões, de 20% para 10% nas máquinas de lavar e de 10% para zero nos tanquinhos. Em outras unidades da Federação o repasse começou a ser feito desde o último sábado, o que garantiu acréscimo de vendas de até 25%, de acordo com as companhias (leia abaixo). A expectativa da Eletros é que a medida, que tem validade por 90 dias, garanta ao setor um resultado melhor no segundo trimestre. Nos primeiros três meses do ano a retração em relação ao mesmo período de 2008 chegou a 10%.
O consumidor mais exigente, no entanto, enfrentou dificuldades para comparar preços. Nas lojas, o desconto referente ao IPI se confundiu com promoções. Como os órgãos de defesa do consumidor não podem fiscalizar para garantir que a transferência seja feita, a orientação é que os consumidores pesquisem e pechinchem. ;Não podemos interferir nos preços das empresas. É uma prática livre, que não temos como interferir. O que prevalece nesse caso é o bom senso delas;, afirma o diretor de atendimento do Procon-DF, Oswaldo Morais.
Mesmo garantindo que a redução em função da queda do IPI já estava embutida no preço, as redes ainda aceitam negociar, para não perder o cliente para a concorrência. A orientação é que o consumidor leve na hora da compra fôlderes antigos para comparar. Na negociação para reduzir o valor do eletrodoméstico, a pechincha pode ter mais força que a isenção de imposto concedida pelo governo. Em uma das lojas pesquisadas ; a reportagem visitou lojas do Ponto Frio, das Casas Bahia, da Novo Mundo e da Ricardo Eletro ;, por exemplo, a redução do IPI garantiu uma queda de 3,2% no preço de uma geladeira. Mas a negociação com o vendedor garantiu ainda um desconto de 7% a mais. A geladeira de 362 litros que era comercializada por R$ 1.546,80 até a última semana passou a custar R$ 1.499,00 na etiqueta, mas, negociando, o vendedor chegou a R$ 1.400,00.
O governo anunciou ampliação do grupo de modelos das máquinas de lavar roupas beneficiadas. O tamanho máximo passou de 10 quilos para 20 quilos. As máquinas com capacidade superior a 20 quilos são isentas do IPI desde 2008.
Vendas sobem 20% em média no país
As redes de varejo já contabilizaram crescimento nas vendas de geladeiras, fogões, máquinas de lavar e tanquinhos nos primeiros dias de vigência da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). No Pão de Açúcar, o destaque coube aos fogões, com alta de 25% nas vendas quando comparadas à média dos últimos finais de semana. Segundo o diretor executivo da companhia, Jorge Herzog, considerando todos os produtos beneficiados pela redução do IPI, as vendas subiram 20%, e os preços caíram entre 8% e 13%. ;Essa compra (da linha branca) geralmente não acontece por impulso. Acreditamos em um crescimento acima dos 20% nos próximos dias com a proximidade do Dia das Mães;, afirmou.
No Wal-Mart, foi registrado um crescimento médio de 20% nas vendas dos quatro produtos contemplados. Por meio da assessoria de imprensa, a empresa informou que os destaques das vendas ficaram com a linha de refrigeradores frost free e máquinas de lavar menores, que substituíram o tanquinho na escolha dos consumidores. Segundo o consultor de varejo da Mixxer Eugênio Foganholo, além da redução dos preços, as vendas estão sendo impulsionadas, principalmente, pela forte demanda reprimida desses produtos. ;Fogões e geladeiras são muito sensíveis a preço e qualquer redução provoca uma venda inicial muito forte.; Foganholo avalia que os índices de crescimento fiquem na ordem de 10% a 15% em relação ao mesmo período do ano passado, após os 90 dias de funcionamento da medida.
Assim como os preços registraram queda, as condições de financiamento também melhoraram. O Carrefour, por exemplo, elevou de 10 para 18 vezes os pagamentos com o cartão próprio, após o anúncio do governo. Já o Pão de Açúcar e o Wal-Mart estenderam os prazos com o cartão próprio a 15 vezes sem juros a toda linha de eletrodomésticos; antes a média era de 10 a 12 meses. Para Foganholo, os prazos maiores de pagamento demonstram que a expectativa de aumento da inadimplência começa a ser reduzida.