Economia

Bovespa recupera fôlego, mas novas aplicações pedem cautela

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postado em 22/04/2009 08:51
Depois de atingir o fundo do poço em outubro do ano passado, quando a crise financeira mundial mostrou sua real dimensão, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) conseguiu, mesmo que a passos lentos, recuperar o fôlego, ostentando valorização de quase 50% desde então. Somente neste mês, os ganhos somam aproximadamente 9%. À primeira vista, os números podem deslumbrar os mais incautos. Mas nunca foi tão arriscado entrar no mercado acionário como agora. ;O sinal amarelo acendeu de novo. O momento é de ficar de compasso de espera, para ver se realmente a Bovespa conseguirá se sustentar acima dos 40 mil pontos;, diz o analista Alexandre Marques Filho, da Elite Corretora. A cautela, acrescenta ele, é vital para se evitar o acúmulo de prejuízos. ;Daqui por diante, nada garante que o processo de valorização vai continuar;, ressalta. Para ele, há, sim, sinais de que as economias mundial e brasileira podem estar reagindo às intempéries. ;O problema é que tudo pode desmoronar rapidamente, como vimos na última segunda-feira, quando os investidores voltaram a desconfiar da saúde dos bancos americanos;, frisa. Marques Filho lembra que parte importante da recuperação do Ibovespa, principal índice da bolsa, deveu-se à volta dos investidores estrangeiros, depois de meses de retirada de recursos. ;Só que esse pessoal é muito arisco, sai do país a qualquer sinal de insegurança;, complementa. Portanto, não custa esperar para ver se o Ibovespa fica acima dos 40 mil pontos. ;Se perder esse suporte, o estrago será grande.; Segundo ciclo Na avaliação de Demétrius Borel Lucindo, diretor da Top Trade Investimentos, o mercado está em seu ;segundo ciclo;. No primeiro, a Bovespa caiu muito e se recuperou. Daqui por diante, acredita, os investidores tenderão a ficar mais seletivos na compra ações. As empresas serão avaliadas com lupa. Seus resultados serão destrinchados para se ter a certeza de que realmente continuarão lucrativas e pagando bons dividendos (rateio de parte dos ganhos) aos acionistas. ;A seletividade é fundamental para se evitar perdas inesperadas. Com a recuperação de preços das últimas semanas, muitos papéis ficaram caros. Só que, agora, algumas companhias serão desmascaradas. Aquelas que venderam vento, verão as cotações de seus papéis desabarem;, diz Lucindo. ;Recentemente, ganhou dinheiro na bolsa quem comprou papel barato. Agora, o que garantirá bom retorno é a qualidade das empresas. E isso não é fácil distinguir, sobretudo para os menos experientes;, assinala. Para o diretor da Top Trade, os interessados em entrar no mercado não devem se pautar pelo comportamento do Ibovespa, composto pelas ações mais negociadas no pregão paulista. Esse índice vai oscilar muito, porque acompanha praticamente o desempenho das ações de duas companhias, as da Petrobras e as da Vale, que negociam commodities, mercadorias com cotação internacional, altamente atreladas ao desempenho da economia global. Quer dizer: se os preços do petróleo e dos minérios continuarem fracos, não há como evitar a queda do Ibovespa. Consumo Mais otimista, Décio Pecequilo, operador sênior da TOV Corretora, acredita que, mesmo registrando altos e baixos, o mercado acionário tenderá a acumular um bom resultado nos próximos meses. Ele baseia sua previsão nos bons indicadores apresentados pela economia brasileira nas últimas semanas: o mercado formal de trabalho voltou a registrar criação de vagas; as vendas do varejo se mantiveram firmes, apoiadas na manutenção da renda; e a inflação caiu, permitindo ao Banco Central reduzir ainda mais a taxa básica de juros (Selic). ;Tudo isso ajudou a dissipar um pouco do pessimismo que vinha dominando o mercado;, afirma Pecequilo, um dos poucos a apostar firme que o Ibovespa encostaria nos 45 mil pontos, como ocorreu dias atrás. ;Não foi à toa que os estrangeiros voltaram para a Bovespa. O saldo líquido das aplicações de R$ 4 bilhões acumulado até a semana passada dispensa comentários;, ressalta. O número impressiona. Mas como ressalta o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, não é o momento de ;otimismo exagerado;.

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