postado em 24/04/2009 17:37
Os juros médios para compra de veículos recuou em março, para 29,7% a.a. (ao ano), seu menor patamar desde outubro de 2007, quando a taxa estava em 28,4% a.a. Os dados são do relatório de crédito do Banco Central divulgado nesta quinta-feira.
Segundo o documento, de fevereiro a março deste ano, a taxa média de juros para aquisição de veículos caiu 2 pontos percentuais, de 31,7% a.a. para 29,7%.
"Os juros já estão a uma taxa inferior ao que foi cobrado no ano passado, e essa queda já pode ser sentida nas concessionárias", afirma Sérgio Reze, presidente da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Para ele, essa redução nos juros é natural e deve manter a trajetória de queda até o fim do ano.
O setor foi ajudado pela desoneração de impostos proposta pelo governo e pela maior concessão de crédito no mercado. No começo de abril, o governo prorrogou a desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido para o setor automotivo.
A medida, que vale até junho, cortou para zero a taxa de IPI dos carros populares até 1.000 cilindradas (tanto álcool quanto gasolina) e reduzou à metade o imposto sobre modelos de 1.000 cilindradas a 2.000 cilindradas, à gasolina e flex.
Falta de crédito
Para Reze, o setor automotivo sofreu com a falta de crédito devido ao temor dos bancos com os efeitos da crise internacional. Os juros menores são reflexo do "entendimento dos bancos em relação à crise. Eles estavam com medo da situação, sem saber o poderia acontecer, e seguravam o dinheiro. Mas agora esse temor está cada vez menor", afirma.
A entidade estima que essas medidas do governo mantenham o mercado automotivo aquecido. "O segundo trimestre deverá repetir o número de vendas registradas no primeiro (de janeiro a março), com média de 220 mil veículos vendidos por mês", declarou.
No mês passado, por exemplo, as vendas chegaram ao um patamar de 260.959 automóveis e comerciais leves --uma alta de 36,38% na comparação com fevereiro. Frente a março de 2008, a alta é de 18,14%.
"O governo mostrou disposição em atender as necessidades do setor, que teve o melhor mês de março da história", disse Reze. "As montadoras reduziram o volume de produção com as férias coletivas, o que diminuiu a pressão nos estoques e permitiu que o crédito voltasse pouco a pouco ao mercado."
Inadimplência e desemprego
Contudo, o maior número de vendas somado a um cenário de incerteza com o desemprego elevou a inadimplência.
Segundo o relatório do BC, a inadimplência teve alta pelo quarto mês consecutivo, ao contrário dos caminho seguido pelos juros. Para pessoas físicas e jurídicas, passou de 4,8% para 5% no mês passado --a taxa mais alta desde novembro de 2006 (5,1%).
No caso da pessoa física, a inadimplência caiu no cheque especial (de 10,2% para 9,7%) e no crédito pessoal (de 5,8% para 5,6%), mas registrou alta na aquisição de veículos (de 4,9% para 5,1%).
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta sexta mostram que, pela primeira vez desde setembro de 2007, o contingente de desempregados ultrapassou 2 milhões de trabalhadores nas seis regiões metropolitanas pesquisadas --São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre.