postado em 28/04/2009 08:29
Apesar do susto com o câncer enfrentado pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e ciente de que pode haver complicações com a candidatura dela à sucessão do presidente Lula, o governo vem traçando uma série de cenários para o próximo ano, para medir as reais chances de vitória nas urnas. E, ao contrário do que pensa a oposição, a economia, mesmo solapada pela crise mundial, poderá dar uma mão e tanto à Dilma, caso se repita um quadro semelhante ao que se viu entre 2005 e 2006, quando Lula foi reeleito, independentemente da enxurrada de denúncias de corrupção em sua administração.
;Felizmente, tudo conspira para que tenhamos mais um ciclo eleitoral favorável ao candidato governista;, diz um dos ministros mais próximos de Lula. Em 2005, ressalta ele, o crescimento econômico não foi lá essas coisas: 3,2%. Mas a inflação estava em forte queda, fechando aquele ano em 5,7% e caindo para 3,1% em 2006. Com isso, o poder de compra dos mais pobres, os maiores eleitores de Lula, deu um salto expressivo, potencializado pela queda dos juros e pelo expressivo aumento da oferta de crédito.
A taxa básica (Selic), que havia fechado 2005 em 18%, cedeu até 13,25% no fim de dezembro seguinte. Naqueles dois anos, houve ainda um forte incremento do Bolsa Família e do salário mínimo. ;Isso deu uma sensação de bem-estar enorme à população, que preferiu dar seu voto de confiança para mais um mandato de Lula;, acrescenta o ministro.
Em 2009, o governo reconhece que o crescimento da economia será pífio ; de no máximo 1%. Mas, segundo os técnicos do Ministério da Fazenda, tudo indica que a partir do segundo semestre a atividade econômica estará com o fôlego renovado, crescendo a um ritmo entre 3% e 4% ao longo de 2010. Para que esse cenário se confirme, o governo conta com os reajustes do funcionalismo público, a ampliação do Bolsa Família e o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, que promete entregar 1 milhão de moradias às famílias de baixa renda. Para ;turbinar; a candidatura governista, a inflação tenderá a ficar próxima dos 4% e o Banco Central está prestes a entregar uma histórica taxa Selic de um dígito (abaixo de 10%).
;Realmente, são grandes as chances de a economia criar mais um ciclo eleitoral favorável ao governo Lula;, afirma o economista-chefe da Corretora Convenção, Fernando Montero. ;Além de os juros de um dígito serem uma referência poderosa, o candidato governista poderá contar com um comportamento tranquilo do dólar, que significará comida mais barata, renda disponível e salários elevados; ressalta.
Desemprego
No entender do economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes, nem mesmo o aumento do desemprego será visto como um problema. A taxa atual, de 9%, tenderá a recuar à medida que a economia for se reaquecendo. E, mesmo que permaneça nesse patamar, o índice ficará abaixo dos 10% de 2006.
Montero também ressalta que, com as recentes reduções de impostos, a carga de tributos cairá em 2009, o que será divulgado no terceiro trimestre de 2010. ;Portanto, sobrarão poucas bandeiras ;ortodoxas; para a oposição;, destaca. Vários analistas vêm chamando a atenção para a hipótese de o Banco Central aumentar os juros em 2010 para conter pressões inflacionárias originárias de gastos púbicos crescentes. ;Eu não vejo motivos para os juros subirem;, emenda Freitas Gomes.