postado em 29/04/2009 18:54
Nem o tombo da economia americana, nem a escalada mundial da gripe suína impediram que a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) tivesse um dia de forte alta no pregão desta quarta-feira. Os estrangeiros voltaram às compras no mercado de ações doméstico, puxando a Bolsa para seu maior nível desde outubro e derrubando o dólar para R$ 2,17, a menor cotação desde novembro.
O termômetro da Bolsa, o índice Ibovespa, subiu 3,07% no fechamento e atingiu os 47.226 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,04 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em alta de 2,11%.
Profissionais de mercado apontaram um dos rumores que ajudaram a Bovespa a subir com mais força a partir da segunda metade do pregão: a especulação sobre uma possível melhora do "rating" (nota de risco de crédito) nacional.
O dólar comercial foi vendido por R$ 2,173, em um declínio de 1% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país marca 362 pontos, número 5,97% abaixo da pontuação anterior.
"Hoje nós vimos um fluxo muito forte de entradas, com muitos exportadores fechando contratos. As Bolsas de Valores também subiram muito: essa alta de 3% da Bovespa é principalmente por conta de estrangeiros", comenta Fernando Begallo, da mesa de operações da corretora Intercam. O saldo de investimentos estrangeiros na bolsa está positivo em R$ 3,77 bilhões em abril (até o pregão do dia 24). "E ontem, teve algum alarde por conta da gripe suína, mas houve muita especulação com esse assunto, e o mercado corrigiu um pouco desses exageros", acrescenta. Investidores digeriram bem a principal notícia do dia: a contração de 6,1% do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre. Economistas ressaltaram o crescimento acima do esperado do consumo das famílias: 2,2% contra um consenso de 0,9%.
"A questão é que o mercado está realmente um pouco mais otimista e viu o PIB americano do ponto de vista do "copo meio cheio´. A interpretação foi de que a economia dos EUA já chegou no fundo do poço e daqui não passa", comentou Frederico Mesnik, sócio da Humaitá Investimentos. "A gripe suína é um problema mundial, mas que deve afetar principalmente as companhias aéreas", acrescenta.
Mesnik afirma ainda que a parcela dos investidores estrangeiros com um apetite por risco um pouco maior já vê o país como "a bola da vez". "E não podemos esquecer que o Fed manteve mais uma vez a taxa de juros em 0,25%. O investidor que quer um pouco mais de retorno precisa ir para a renda variável, mas nos EUA, o quadro ainda é muito complicado", avalia.
O Federal Reserve ( Fed, o banco central dos EUA) decidiu manter a taxa básica de juros dos EUA no patamar em que se encontra desde dezembro do ano passado, uma margem de variação entre zero e 0,25%. Em seu comunicado pós-reunião, a autoridade monetária mostrou uma visão um pouco menos pessimista e apontou sinais de que o ritmo de queda pode ter amenizado.
Brasil
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que o IGP-M, índice de preços usado para reajuste de aluguéis, apontou deflação de 0,15% em abril. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reportou uma queda brusca da produção industrial e do nível de emprego no setor manufatureiro. O indicador que mede o nível de produção caiu para o seu menor patamar desde 1999.
Nas próximas horas, o Comitê de Política Monetária (Copom) anuncia a nova taxa básica de juros do país, hoje em 11,25%. Economistas do setor financeiro estão divididos sobre o tamanho do corte: 1 ponto percentual (a maioria) ou 1,5 ponto percentual. Outra parcela minoritária aponta ainda um possível ajuste de apenas 0,75 ponto percentual.