Economia

Começa a extração de petróleo no pré-sal

Início das operações marca nova era na produção brasileira de óleo. Reserva na área de Tupi é estimada em até 8 bilhões de barris

postado em 02/05/2009 08:40
Começaram nesta sexta-feira as operações na área de Tupi, a maior reserva de petróleo descoberta nos últimos 30 anos no mundo, com volume estimado entre 4 bilhões e 8 bilhões de barris. A inauguração das atividades marca uma nova era na exploração e produção de petróleo no Brasil e nas contratações da Petrobras, visando o desenvolvimento da indústria nacional na cadeia produtiva de tecnologia e bens de capital direcionados à extração, produção e refino de óleo. Juntamente com as operações em Tupi, está em curso a encomenda em grande escala de máquinas e equipamentos, que privilegia um cronograma gradativo de aumento de conteúdo industrial nacional nos projetos para os próximos cinco anos. Em termos gerais, o atual plano de negócios da Petrobras prevê investimentos de US$ 174,4 bilhões entre 2009 e 2013. A abertura das atividades em Tupi foi feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em cerimônia que contou com as presenças do vice-presidente José Alencar, do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e dos ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, e de Minas e Energia, Edison Lobão. O evento ocorreu na Marina da Glória, Zona Sul do Rio de Janeiro. Ao comemorar o início das operações, Lula brincou se dizendo um pouco frustrado por não ter feito a inauguração em uma plataforma para a primeira extração do óleo. ;Sou como o noivo que foi para igreja, mas a noiva não apareceu.; A operação em Tupi, inicialmente em fase de testes, é a primeira etapa em direção à produção de reservas gigantescas de petróleo existentes em grandes profundidades e abaixo de uma camada de sal com cerca de dois mil metros de extensão. O poço 3-RJS-646, que começou a operar ontem, está a 2.140 metros de profundidade do nível da água ao solo marinho, sem contar com outros 3 mil metros no subsolo. O recorde anterior de produção era de um poço na Bacia de Campos a 1.860 metros de profundidade da água. A área de Tupi está localizada no bloco BMS-11, explorado pelo consórcio liderado pela Petrobras (65%), com BG (25%) e Petrogal-Galp (10%). Na fase inicial de testes, Tupi vai produzir entre 10 mil e 20 mil barris diários de óleo. Conforme informou a Petrobras, os testes de produção serão feitos por meio do navio-plataforma. Serão cinco poços interligados ao navio-plataforma: três vão injetar água, um vai reinjetar gás natural e o poço produtor, o 3-RJS-646. O petróleo na região é leve, de 28 graus API (classificação internacional de qualidade). Até 2013, a Petrobras estima produzir 219 mil barris diários de petróleo no pré-sal. Regras Quando anunciou a existência do reservatório gigante de Tupi, no fim de 2006, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) colocou como uma das prioridades o desenvolvimento do novo marco regulatório para a exploração desta nova fronteira geológica. O assunto é constantemente lembrado pelas petrolíferas instaladas no país, mas a Comissão Interministerial composta em julho do ano passado ainda não concluiu seus estudos para adoção de um novo modelo de exploração. Está em discussão, por exemplo, o estabelecimento de um contrato de partilha entre o governo federal e as indústrias privadas para explorarem as áreas ainda não concedidas. A prioridade do novo modelo, conforme anunciado por Lula, será a utilização das riquezas geradas no pré-sal para ;saldar a dívida que o Brasil tem em relação à educação e ainda para acabar com a miséria;. Defesa da estatal O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, deu a entender ontem que está praticamente descartada a possibilidade de o governo repassar para a Petrobras reservas do pré-sal a título de um aporte de capital. A possibilidade, que vinha ganhando força nos bastidores do setor, é defendida pela Petrobras e não encontra resistência nem mesmo entre as petrolíferas parceiras concorrentes. ;Mas acho que cada vez com menos força;, disse Lobão na cerimônia de inauguração da extração do primeiro óleo do pré-sal em Tupi. Lobão defendeu mais uma vez a criação de uma estatal para gerir os recursos do pré-sal. ;Particularmente, em minha única e exclusiva opinião, acho que a nova estatal é a melhor opção para cuidar destes recursos que são de todos os brasileiros;, disse Lobão, lembrando que a estatal seria 100% do governo federal ;e não teria ações no mercado como tem a Petrobras;. Por este modelo, a estatal convidaria empresas prestadoras de serviço para explorarem, o que faria com que nenhuma outra empresa tivesse domínio sobre as reservas gigantescas. Este modelo também prevê que a nova estatal iria gerir as áreas contíguas aos campos já descobertos.

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