postado em 06/05/2009 08:48
O presidente Lula convocou quatro ministros e técnicos de diferentes áreas do governo para uma reunião na tarde desta quarta-feira (6/05), na qual baterá o martelo sobre a proposta a ser apresentada ao presidente do Paraguai, Fernando Lugo, que chega amanhã ao Brasil para, mais uma vez, insistir na ideia de mudar o Tratado de Itaipu.
Até ontem, havia divergências no governo brasileiro sobre o que oferecer a Lugo, sobretudo no que diz respeito a propostas intermediárias, que poderiam atender em parte a demanda paraguaia.
Uma das ideias em estudo, a de estender o prazo final de quitação da dívida paraguaia, de 2023 para 2040, encontra resistências na Fazenda. Outra, que previa antecipar a compra da energia excedente de Itaipu, era dada como praticamente descartada ontem no Ministério de Minas e Energia.
Há consenso sobre o fato de que, para o Brasil, o tratado é imutável e de que é descabida a tese paraguaia segundo a qual a dívida assumida na década de 70 para construir a hidrelétrica seria ilegítima. O governo insiste ainda em que são inviáveis quaisquer alterações que exijam a aprovação do Congresso.
O Brasil voltará a insistir com Lugo nos pontos ofertados ao Paraguai em janeiro. Entre eles: abertura de linha de crédito do BNDES para financiar a construção de pontes e de uma linha de transmissão da energia de Itaipu a Assunção e uma receita adicional de cerca de US$ 100 milhões anuais ao Paraguai pela cessão da energia ao Brasil.
Nos últimos dias dias, o principal negociador do Paraguai para Itaipu, Ricardo Canese, e o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) batem boca, via imprensa, sobre o futuro de Itaipu. Canese disse ao jornal "Valor Econômico" não aceitar o reajuste proposto pela Eletrobrás e confirmou que o Paraguai cogita recorrer a uma corte internacional caso persista o desentendimento. Lobão rebateu: "Eles reivindicam o que não é de direito e o que não podemos fazer".
Lula, entretanto, está convencido de que o Brasil precisa encontrar maneiras de ajudar o Paraguai, o mais pobre dos sócios do Mercosul, sobretudo num momento de fragilidade política de Lugo, que enfrenta um escândalo de paternidade.
"Vamos conversar. O presidente Lula vai ter uma reunião amanhã [hoje], com vários ministros, e aí vamos fixar uma posição que seja de governo, e acho que é isso que temos de fazer para encontrar uma solução que seja justa e viável, para que os paraguaios se sintam recompensados pelo recurso natural, cuja metade é deles, mas que ao mesmo tempo reconheçam que o Brasil financiou a usina e construiu a usina também porque tem suas necessidades", afirmou ontem o chanceler Celso Amorim.