postado em 09/05/2009 08:45
As compras do Dia das Mães têm um elemento a mais este ano. A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de máquinas de lavar, geladeiras, tanquinhos e fogões deve alavancar as vendas das grandes redes de varejo. Enquanto alguns lojistas torcem para manter os resultados do ano passado, outros acreditam em um crescimento de 30% no volume comercializado dos itens com tributos reduzidos.
;Pensei em trocar o fogão ano passado, vieram outras prioridades e voltei a pesquisar. Estou em busca do meu próprio presente;, conta a professora Ana Cláudia Camargo, de 35 anos. O fogão de seis bocas que tem em casa completou 9 anos e a troca será feita por um que tenha temporizador e grill. ;Estou gostando dos preços, mas ainda não me decidi. Quero olhar mais;, afirma.
A bacharel em direito Camila Carvalho da Costa, 26 anos, e o professor Izaildo Feitosa Feltrini, 27, começaram a comprar os itens da casa nova. Com casamento marcado para dezembro, o casal procurava uma geladeira duplex. ;É a primeira coisa que estamos comprando e olhamos muito antes de decidir.;
A escolha de pagar à vista o refrigerador lhes rendeu uma economia de quase R$ 500. ;Se fosse pagar em 10 vezes sairia muito mais caro. Juntamos o dinheiro para pagar à vista;, comenta Izaildo. Camila confirma que a queda do IPI e as ofertas das redes para o Dia das Mães fizeram a diferença. ;Meu pai me avisou da redução do imposto e viemos conferir. A notícia ajudou e muito na nossa decisão de comprar agora;, diz.
A renúncia fiscal para os produtos da linha branca vale até 16 de julho. Os índices foram diferenciados para cada item. Nas geladeiras o IPI passou de 15% para 5%, nos fogões, de 5% para zero, para as máquinas de lavar, o imposto caiu de 20% para 10%, e para tanquinhos, de 10% para zero.
Para o governo, o benefício representará R$ 173 milhões a menos nas contas federais nos três meses de vigência. Em contrapartida, os empresários do setor varejista se comprometeram informalmente a manter os empregos no setor de linha branca que tiveram queda de 5% entre outubro de 2008 e fevereiro de 2009.
Reflexo
De acordo com as redes de varejo, a primeira quinzena de vigência de redução fiscal representou um crescimento médio de 15% nas vendas de geladeiras, fogões, tanquinhos e máquinas de lavar. Na opinião de Michael Klein, diretor executivo das Casas Bahia, o índice é pequeno. ;Acreditamos que a medida vai melhorar as vendas. O primeiro resultado não foi bom. Para justificar a contrapartida, deveria ser de pelo menos 50%;, afirma. Para o Dia das Mães, uma das melhores datas para o comércio, Klein está cauteloso. ;A projeção é repetir as vendas do ano passado, que foram muito boas;, diz.
No Ponto Frio, a renúncia do IPI não alterou as vendas do Distrito Federal. ;Ainda não sentimos diferença. Foram poucos dias para computar resultados;, declara Carlos Geraldo Motta, gerente de mercado do DF. A visão otimista vem da rede Ricardo Eletro. ;Em dez dias, as vendas cresceram 14%. Estamos comemorando o resultado;, afirma Jacqueline Jardim, diretora nacional de vendas da rede. ;Para o Dia das Mães queremos vender 30% mais que em 2008;. O vice-presidente da Ricardo Eletro, Rodrigo Nunes, vai mais longe. ;Não sentimos tanto o impacto da crise, mantivemos nosso planejamento de investimentos. O que pesou no setor foi a inadimplência;, pondera.
Grandes redes apostam no DF
A alta renda per capita do Distrito Federal e a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) são atrativos para investimentos de grandes redes de varejo nacional. As Casas Bahia, por exemplo, negociam futuras inaugurações. ;Estamos procurando novos locais, inclusive conversando com responsáveis pelos shoppings que vão abrir na cidade, revela Michael Klein, diretor executivo do grupo. Atualmente há 40 lojas das Casas Bahia no DF e 610 distribuídas pelo país.
O gerente de marketing do Novo Mundo, Luiz Cláudio de Araújo, explica que o DF é, atualmente, o foco de crescimento da rede. São quase 80 lojas em Goiás, Mato Grosso, Tocantins e DF. ;Este ano estamos empenhados em crescer no DF. O público é heterogêneo e criamos uma política de mídia mais cosmopolita.; Rodrigo Nunes, vice-presidente da Ricardo Eletro, também admite que a rede está de olho no mercado local. ;Vamos ampliar algumas lojas e assinamos com os dois shoppings que serão inaugurados no próximo ano;, revela. Atualmente, a marca tem 22 lojas no DF.