postado em 11/05/2009 17:12
O cenário pós-crise vai exigir um maior equilíbrio entre o mercado financeiro e o governo, segundo o Prêmio Nobel de Economia 2001, Joseph Stiglitz.
"A lição mais importante da crise é buscar um equilíbrio entre mercado e governo. Os mercados estão muito instáveis e ineficientes. A sociedade está começando a repensar o equilíbrio entre mercado e governo e criar nova base para a economia política daqui para a frente", disse Stiglitz.
Para ele, as políticas monetárias dos países terão de se concentrar na estabilidade financeira, e não ficar restrita à estabilidade dos preços. Stiglitz prevê um novo cenário global no pós-crise, no qual a China, que promoveu o pacote de estímulo mais intenso e bem sucedido, segundo o Nobel, segue fortalecida.
Quanto à responsabilidade pela crise, Stiglitz distribuiu para governo e iniciativa privada.
"Grande parte da culpa foi repassada ao governo no plano de compra da casa própria. Mas nunca foi dito que o financiamento da casa deveria ser maior do que as posses, com alto custo de transação. Uma boa ideia foi apropriada por parte do mercado financeiro e as acusações de ganância são reflexo de incentivo. O que incomoda é que o sistema tirou lucro das pessoas de menor nível de educação", lamenta Stiglitz.
Crítico dos resgates governamentais às instituições financeiras, origem da crise nos EUA, Stiglitz diz que é preciso identificar quais são as fontes alternativas de demanda agregada. "Precisamos reformar o sistema global de reservas e de crédito, redesenhar o sistema regulatório e talvez esse seja o maior desafio. E os países em desenvolvimento terão de participar disso", disse Stiglitz, que aponta os países em desenvolvimento como os que mais perderão com a crise.
"A maioria é de perdedores (com a crise). Quem perde mais são os países em desenvolvimento. Há quem perdeu emprego nos EUA e muitos deles não têm nada a ver com a jogatina financeira", avaliou Stiglitz. Ganha e perde.
No ganha e perde da crise, o Prêmio Nobel de 1999, Robert Mundell diz que a China pode ser apontada como a grande vencedora deste período de turbulência. "A China continua a avançar, enquanto todos estão caindo. Os economistas são o segundo grupo de ganhadores", descontraiu Mundell.
Para o Prêmio Nobel de 2004, Edward Prescott, os pequenos investidores e o setor da construção civil foram os principais perdedores com a crise.
Para o economista e ex-ministro da Fazenda do Brasil, Delfim Neto, a crise prejudica a todos, mas o custo maior fica para o trabalhador.
"É uma tragédia mundial. Mas quem paga o maior preço é o trabalhador. Alguns podem até encher o bolso, mas de forma irregular, com o aumento do desemprego, da desigualdade. No Brasil, a política de redistribuição é fundamental para a política econômica que no está levando ao desenvolvimento", disse.