postado em 15/05/2009 07:55
Os resultados positivos do varejo brasileiro registrados apesar da crise econômica começam a arrefecer. O comércio ainda mantém um desempenho acima do verificado em 2008, mas o incremento nas vendas registrado em março, em relação ao mesmo mês de 2008, é o menor desde novembro de 2003. As lojas brasileiras venderam 1,8% mais que em março do ano passado, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÃstica (IBGE). Mas, em fevereiro, a variação havia sido de 3,8%, e em janeiro, de 6,0%. A desaceleração também é sentida na comparação com o mês imediatamente anterior. Depois de registrar em janeiro e em fevereiro altas acima de 1%, em março o varejo vendeu 0,6% mais que no mês anterior.
O desaquecimento foi afetado pelo que os economistas chamam de efeito-calendário ; ao contrário do que ocorreu em 2008, a Páscoa este ano foi em abril, o que diminuiu as vendas de alimentos e bebidas no mês de março ;, mas a tendência é mesmo de desaceleração, segundo o chefe do Departamento Econômico da Confederação Nacional do Comércio, Carlos Thadeu de Freitas. A previsão da entidade é de que 2008 feche com uma alta pouco superior a 3%, contra 9,1% registrados em 2008. ;O crédito ainda está caro e as vendas geradas pelos incentivos fiscais não vão se sustentar. Quando se reduz impostos, as pessoas antecipam consumo, mas são bens duráveis, comprados só uma vez por ano;, afirma.
Em março, segundo o IBGE, a venda de automóveis foi 17,1% superior ao volume de março de 2008. Quando é incluÃdo no resultado ; o que o IBGE chama de varejo ampliado ;,o desempenho do comércio sobe para 2,0% em relação a fevereiro e 6,5% sobre março de 2008. Dos 10 setores pesquisados pelo IBGE para compor o Ãndice do comércio varejista ampliado, três tiveram resultados negativos em relação a março do ano passado. O segmento de materiais de construção vendeu 4,1% menos, e os móveis e eletrodomésticos, 0,9%. Mas a maior queda foi verificada nas lojas de vestuário, tecidos e calçados (- 8,2%).
A retração começa a ser sentida na loja em que Fernanda Haddad Boechat é gerente. Nos primeiros quatro meses do ano, as vendas cresceram 15%, puxadas principalmente pelas liquidações de fim da coleção. Em maio, no entanto, a demanda começou a retrair. ;Não estamos tendo o resultado que esperávamos, as vendas neste mês estão abaixo da nossa expectativa, o fluxo está diminuindo;, afirma.
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