Economia

Shell espera marco regulatório para investir no pré-sal

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postado em 20/05/2009 21:42
Embora veja o pré-sal brasileiro como prioridade, a Shell condiciona a ampliação dos investimentos no setor à definição do novo marco regulatório, em avaliação por comissão interministerial. "Acelerar mais ou menos o investimento, depende das condições que você tem. O dinheiro concorre mundialmente por projetos", afirmou o presidente da Shell Brasil, Vasco Dias, dizendo que há boas oportunidades de investimentos também na Rússia, na África e em outros locais. As declarações de Dias, feitas após participação no XXI Fórum Nacional, reforçam pleito do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) por poucas mudanças no modelo atual e definição rápida da nova legislação do setor. "Aguardamos o marco há mais de 18 meses. Essa indefinição paralisou os investimentos não só o pré-sal, mas em todo o litoral brasileiro", reclamou o secretário executivo da entidade, Álvaro Teixeira, em palestra durante o evento. Para o consultor especial da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Antonio Barros de Castro, porém, o Brasil deve resistir às pressões para acelerar a exploração do pré-sal. "Ainda não houve a discussão do que a gente quer e de quais políticas setoriais devem ser desenvolvidas", avalia o economista, que também participou do evento. "Temos que calibrar o timing", completou, explicando que o País precisa de tempo para desenvolver políticas setoriais adequadas para melhor aproveitamento dos investimentos no pré-sal. "Podemos desenvolver aços especialíssimos. Podemos apoiar a indústria de ponta. Mas a velocidade restringe profundamente outras oportunidades para nós e o próprio desenvolvimento da indústria associada ao pré-sal", destacou. A busca pelo desenvolvimento de uma indústria de ponta com as oportunidades geradas pelo pré-sal foi o mote proposto pelo organizador do fórum, o ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso. Para Barros de Castro, no entanto, petroleiras e países consumidores têm interesse em acelerar o debate para reduzir o poder do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e de países árabes, grandes produtores de petróleo. O presidente da Shell reconhece que "é natural que, diante das descobertas do pré-sal, o governo ganhe um tempo para verificar se o sistema atual é o melhor para o País". Mas reforça a defesa por "pequenos ajustes" no modelo atual. "Não tenho motivo para acreditar que o governo vai tomar qualquer atitude que desestimule as empresas privadas a investir. O governo brasileiro tem demonstrado enorme maturidade." Álcool O presidente da Shell Brasil disse hoje que a companhia pode comprar usinas de etanol ou participação de usinas no Brasil. "Estaremos atentos a todas as oportunidades", afirmou. O executivo disse que Shell tem uma parceria com a Unicamp para a produção de etanol de segunda geração, com bagaço de cana-de-açúcar. "O etanol de cana-de-açúcar tem particular importância para nós", afirmou ele.

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