Economia

Chávez anuncia estatização de siderúrgicas

;

postado em 22/05/2009 09:28
CARACAS - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou na quinta-feira à noite a estatização de várias siderúrgicas no país, que enfrentavam uma série de conflitos trabalhistas há meses, para formar uma grande empresa "socialista". "Façamos este plano de um só grande complexo industrial integrado coletivo. Setor 'briquetero' (de produção de placas de ferro), nacionalize-se. Não há o que discutir. Há tempos que analisamos isto (...) Que inicie o processo de nacionalização para podermos criar um complexo industrial". O presidente citou empresas como Matesi, Consigua, Cerámicas Carabobo, a fabricante de tubos de aço Tavsa, além da Orinoco Iron e Venprecar, que integram o grupo venezuelano International Briquettes Holding (IBH), que vende placas de ferro a quente para todo o mundo. Todas estas empresas básicas, situadas na região oeste do país, enfrentam importantes conflitos trabalhistas há muitos meses. Segundo líderes sindicais, os trabalhadores não recebem salários há 18 meses e pediram a intervenção do governo. "Todas estas empresas não são minhas nem de vocês, são do povo (...) Tudo isto deve ser assumido com responsabilidade, com sentido de integração entre o governo e os trabalhadores", destacou Chávez, explicando que o anúncio é o início de uma "transição" para que estas empresas se convertam na grande "plataforma do socialismo". "Os trabalhadores venezuelanos vão ensinar ao mundo que a classe operária ressuscitou para fazer uma revolução", disse o presidente, aplaudido pelos funcionários das siderúrgicas do estado de Bolívar, oeste do país. Chávez afirmou que as empresas devem estar sob controle operário. "Temos de lutar contra as máfias, a má administração, os desvios, os vícios, que ainda vivem e são uma ameaça para a revolução socialista". Em meados de 2008, Chávez estatizou a Sidor, a maior siderúrgica da região andina e do Caribe, que tinha maioria acionária nas mãos do conglomerado argentino Techint. No início de maio, a Techint anunciou que fechou um acordo para vender sua participação acionária (59,7%) por 1,97 bilhão de dólares ao Estado venezuelano. A Venezuela iniciou em 2007 uma política de nacionalizações de indústrias consideradas estratégicas, como a petroleira, de telecomunicações e energia elétrica, que em 2008 também chegou aos setores siderúrgicos, bancário e de cimento. Algumas estatizações anunciadas por Chávez, como a do ramo de cimento, ainda estão pendentes do pagamento pelo Executivo, que viu seu faturamento desabar nos últimos meses em consequência da queda dos preços do petróleo.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação