postado em 22/05/2009 11:19
O julgamento pelo Conselho de Administrativo de Defesa Econômica (Cade) da união das empresas Sadia e Perdigão, que dá origem à Brasil Foods, levará mais tempo do que a média atual deste tipo de análise pelo órgão. A estimativa foi feita hoje pelo próprio presidente do Cade, Arthur Badin, após reunir-se com os representantes das duas companhias na sede da entidade. "Mas não poderia fazer, neste momento, qualquer previsão de tempo para o processo", acrescentou.
Os empresários que representam a Sadia, Luiz Fernando Furlan, e a Perdigão, Nildemar Secches, apresentaram hoje a operação de união das duas companhias ao Cade, de forma "genérica e atécnica", disse o presidente Badin. "Foi uma visita de cortesia. Os empresários pediram para informar o motivo que levou à união, mas o que o Cade quer ver são os aspectos técnicos", resumiu o presidente, acrescentando que o interesse do órgão são as análises dos advogados.
"Eles apenas descreveram a nós, como já fizeram à imprensa, a importância da conquista de mercados externos e a necessidade de fortalecimento da indústria em novos mercados", continuou Badin. Além dos presidentes das duas companhias e do presidente do Cade participaram do encontro também o conselheiro da Perdigão, Paulo de Tarso, e a da Sadia, Bárbara Rosenberg, além de conselheiros do próprio Cade.
O presidente do Cade preferiu não fazer estimativa a respeito do tempo necessário para o anúncio de uma decisão do órgão e lembrou que a média deste tipo de avaliação passou de 159 dias em 2002 para 47 atualmente. "Obviamente, esta operação envolve muitos mercados e deve ficar acima da média", disse.
Badin informou que os presidentes da Sadia e da Perdigão garantiram que a operação de união das duas companhias poderá ser revertida, caso a homologação da nova empresa do setor de alimentos, a Brasil Foods, não seja aprovada pelos órgãos competentes. "Eles procuraram tranquilizar o Cade, dizer que haverá reversibilidade total da operação, caso não haja aprovação da mesma", disse. Ele acrescentou que, no encontro de hoje, os dois empresários também fizeram questão de enfatizar que respeitarão todas as decisões das instituições de defesa de concorrência brasileiras.
Parentesco
Fernando Magalhães Furlan, membro do Cade, já se declarou impedido de participar da avaliação da união das empresas Sadia e Perdigão. O conselheiro tomou esta decisão por causa do grau de parentesco com o presidente da Sadia, Luiz Fernando Furlan, de quem é primo.
A informação foi dada hoje pelo presidente do Cade, após participar de reunião com representantes das duas companhias, na sede do Conselho. "Ele já se declarou impedido de julgar outras sessões que envolviam o nome da Sadia e fez o mesmo agora", disse. De acordo com o presidente do Cade, este procedimento é habitual em tribunais. "Quando há relação de parentesco ou de amizade, esse afastamento ocorre. É natural", explicou Badin.