Economia

Conta de transações correntes fecha abril com superávit de US$ 146 milhões

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postado em 27/05/2009 08:00
Depois de 18 meses no vermelho, o saldo em transações correntes ; que inclui o resultado da balança comercial, mais o setor de serviços e as transferências unilaterais ( dinheiro que os brasileiros enviam do exterior) ; registrou em abril superávit de US$ 146 milhões. Em igual mês do ano passado, esse item do balanço de pagamentos tinha sido deficitário em US$ 3,044 bilhões. No acumulado de janeiro a abril, o déficit em transações correntes caiu de US$ 13,304 bilhões em 2008 para US$ 4,874 bilhões este ano. Para o chefe do departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, esse resultado, embora interrompa uma longa sequência de déficits, não vai se manter. ;Não significa uma mudança de tendência para ano, quando devemos ter meses deficitários e meses superavitários;, disse. Para maio, por exemplo, Lopes espera um déficit em conta corrente de US$ 2,3 bilhões, devido à piora da balança comercial e, também, de um volume maior de recursos remetidos a título de lucros e dividendos na comparação com abril. Em abril, aliás, as transações correntes devem seu número positivo ao excelente desempenho da balança comercial, acima da média dos meses anteriores. No último mês, o superávit da balança comercial foi de US$ 3,712 bilhões. Em abril de 2008, as exportações tinham superado as importações em US$ 1,738 bilhão. Também contribuiu para o ajuste das transações correntes a menor remessa de lucros e dividendos. No ano passado, elas pesaram significativamente sobre as contas externas do país. Em abril de 2008, por exemplo, as remessas foram de US$ 3,696 bilhões, tendo diminuído para US$ 1,716 bilhão em abril último. Nos quatro primeiros meses do ano, a remessa de lucros e dividendos caiu US$ 7,10 bilhões em relação ao mesmo período de 2008. Foi basicamente essa queda, segundo Lopes, que fez despencar o déficit em transações correntes no acumulado de 2009 em comparação a igual período de 2008. Para 2009, Lopes revisará em junho a projeção de déficit em transações correntes de US$ 16 bilhões no acumulado do ano. Investimentos diretos Altamir Lopes chamou a atenção para a dinâmica do investimento direto, que vem se mantendo em meio à crise. Em abril, por exemplo, US$ 3,409 bilhões ingressaram no país para ficar durante um bom tempo, representando o maior volume de recursos desde dezembro de 2008. Para maio, Lopes estima o ingresso de US$ 2,6 bilhões em investimentos diretos. E não são apenas os investidores de longo prazo que estão mandando recursos para o Brasil. Os investidores estrangeiros voltaram a trazer dólares para investimentos de curto prazo, como ações e renda fixa. Em abril, eles aplicaram US$ 630 milhões em ações no mercado brasileiro. Até ontem, esse investimento alcança US$ 2,365 bilhões. É o maior volume de recursos para ações desde abril de 2008 (US$ 5,8 bilhões). Além do mercado acionário, os estrangeiros também trazem recursos para aplicar em renda fixa, que totaliza, em maio, até ontem, US$ 811 milhões. No acumulado do ano, o investimento estrangeiro em ações está positivo em mais de US$ 600 milhões, enquanto a renda fixa acumula saída líquida de US$ 1,589 bilhão. Em relação ao fluxo cambial, pela primeira vez no ano, em maio, o volume de dólares voltou ao patamar pré-crise. Na parcial do mês, até o dia 22, o saldo está positivo em US$ 3,08 bilhões, resultado do ingresso de US$ 1,454 bilhão nas transações comerciais e de US$ 1,632 bilhão nas operações financeiras.

Dólar estimula gastos em viagens Os brasileiros já estão voltando a gastar mais com viagens internacionais. Embora os dados de despesas, divulgados pelo Banco Central, ainda sejam inferiores aos do ano passado, período em que a crise internacional ainda não havia chegado ao país, os números mostram uma tendência de alta que deve se acentuar, a partir de maio, com o dólar mais baixo e a proximidade das férias escolares de meio de ano. ;O câmbio começa a ajudar;, admitiu o chefe do Departamento Econômico do BC (Depec), Altamir Lopes. Em abril último as despesas de brasileiros no exterior, em viagens internacionais, chegaram a US$ 770 milhões. Em março tinha sido de US$ 618 milhões. Até a última sexta-feira, os gastos já chegavam a US$ 653 milhões. De janeiro a abril, os brasileiros deixaram no exterior US$ 2,687 bilhões. Nos mesmos quatro meses de 2008, essa conta chegou a US$ 3,477 bilhões. O segmento viagens do setor de serviços do balanço de pagamentos sempre foi deficitário, o que significa que os brasileiros sempre gastam no exterior mais do que os estrangeiros aqui. Em períodos de crise, como os vividos até agora, esse déficit diminui. Os brasileiros passam a gastar menos lá fora, enquanto os estrangeiros, duramente atingidos pela c rise econômica, também diminuem as despesas durante as viagens feitas no Brasil. Em maio, por exemplo, enquanto os brasileiros gastaram US$ 653 milhões no exterior, os estrangeiros deixaram US$ 286 milhões aqui, com a conta viagens ficando deficitária (dados até 22 de maio) em US$ 367 milhões. Em abril, a diferença entre receitas ( o que os estrangeiros deixam no país) e as despesas ( quanto os brasileiros gastam no exterior) foi negativa em US$ 382 milhões. Em abril de 2008, essa conta tinha ficado deficitária em US$ 500 milhões. Além do câmbio que começa a ficar favorável para as despesas em dólar, o chefe do Departamento Econômico do BC disse que o que mais pesa na hora de decidir uma viagem é o fator renda. Se as famílias têm certeza de que vão continuar dispondo de renda, o dólar favorável é apenas um incentivo a mais. A proximidade das férias pode fazer com que as despesas de brasileiros no exterior se elevem.

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