postado em 27/05/2009 19:37
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse nesta quarta-feira (27/5) que a instituição continuará atuando no mercado de câmbio para fortalecer as reservas internacionais com a compra de dólares.
Mais cedo, Meirelles afirmou que a queda do dólar é um fenômeno mundial que afeta todas as moedas internacionais e não apenas o real. Ele descartou também mudanças de impostos, neste momento, para frear o fluxo de dólares para o país.
Em audiência pública na Câmara dos Deputados, o presidente do BC disse que ainda há espaço para comprar mais dólares no mercado e reforçar as reservas internacionais, que estão hoje em US$ 205 bilhões.
De acordo com Meirelles, a necessidade de fornecer dólares para o mercado financeiro durante os piores meses da crise mostrou que o "nível ideal" para esse volume pode ser maior que o atual. "Existe espaço para continuar com o crescimento das reservas", afirmou.
Manipulação
Durante os piores meses da crise, o BC chegou a injetar cerca de US$ 60 bilhões no mercado de câmbio. Com a retomada da queda do dólar, no entanto, o BC já usou cerca de US$ 30 bilhões em contratos de câmbio, resgatou US$ 12,9 bilhões em empréstimos e comprou mais US$ 2,4 bilhões no mercado à vista nos últimos 15 dias.
O presidente do BC afirmou também que, apesar das intervenções no câmbio, não há intenção de se controlar o valor do dólar. "Não existe controle de câmbio por parte do governo e do Banco Central. A maioria dos países abandonou isso porque os fluxos são muito fortes. Tentativas de manipular esses preços não têm sido bem sucedidas no mundo." *IOF* Meirelles descartou adotar, nesse momento, mudanças na tributação para frear a entrada de dólares no país. Mas afirmou que o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) pode ser uma alternativa para o futuro.
Para o presidente do BC, os grandes fluxos de moeda estrangeira estão concentrados hoje em setores que não preocupam a instituição. "Pelas nossas avaliações dos fluxos das últimas semanas, existe uma predominância investimentos nas bolsas, empresas captando no mercado externo e investimento estrangeiro direto", afirmou.
Fenômeno
Meirelles afirmou que a queda do dólar é um fenômeno mundial. A cotação do real está praticamente estável, por exemplo, em relação ao euro. Desde o dia 8 de maio, segundo o BC, o real subiu 2,4% em relação ao dólar, próximo dos 2,7% verificados na relação dólar-euro.
"Existe um fenômeno mundial de desvalorização do dólar que não é relacionado ao real. Não podemos olhar o real somente em relação ao dólar, tem de olhar também em relação ao Euro, moedas asiáticas, por exemplo", disse o presidente do BC.
Lucro
As operações do BC com contratos de câmbio geraram um lucro de R$ 1,024 bilhão para a instituição no primeiro trimestre de 2009. Em 2008, essas operações geraram uma perda de R$ 5,2 bilhões no primeiro semestre e um ganho de R$ 10,5 bilhões no segundo semestre.
De acordo com o presidente do BC, Henrique Meirelles, desde 2002, a instituição acumula um lucro de cerca de R$ 5 bilhões com esses contratos.
Balanço
Meirelles afirmou que o BC já injetou US$ 38,9 bilhões no mercado de câmbio até o dia 5 de maio, por meio de vendas e empréstimos de moeda estrangeira.
Desse total, US$ 12,9 bilhões já voltaram para as reservas internacionais. Em relação aos contratos de câmbio, a instituição continua com uma posição neutra, segundo o presidente do BC.