postado em 29/05/2009 16:08
São Paulo e Rio - A indústria deve retomar já no terceiro trimestre deste ano um nível de crescimento próximo à média histórica dos últimos dez anos. A avaliação é do coordenador da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação Brasileira da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Aloísio Campelo, para quem os setores mais afetados pela crise financeira internacional já estarão ajustados no terceiro trimestre. "A indústria começará a crescer, ainda em um ritmo mais lento, mas próximo da sua média histórica, que desde o ano 2000 é de 3% ao ano", afirmou.
Nesta sexta-feira (29/05), a FGV divulgou que o Nível de Utilização de Capacidade Instalada (Nuci) da indústria subiu de 78,3% em abril para 79,2% em maio, no maior nível desde dezembro do ano passado, quando o indicador era de 79,9%. O indicador faz parte do Índice de Confiança da Indústria (ICI), indicador-síntese da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação. O ICI subiu 6% em maio em relação a abril, passando no período de 84,5 pontos para 89,6 pontos. Foi o quinto mês consecutivo de alta, o que para a entidade, "confirma a tendência de recuperação gradual do ritmo de atividade industrial após o forte declínio ocorrido ao final do ano passado."
Segundo Campelo, o efeito estatístico da queda da produção no fim do ano passado e no início deste ano é muito forte, de forma que essa recuperação, no segundo semestre do ano, não impedirá que a indústria encerre 2009 com queda na produção. "O resultado deve vir ruim, principalmente pela redução muito forte da produção no fim do ano passado e por uma recuperação muito lenta e concentrada em alguns setores no primeiro trimestre deste ano. Para chegar ao fim do ano no patamar positivo, a indústria teria de crescer como a China", explicou.
Apesar disso, Campelo ressaltou que a confiança da indústria aumentou muito nos meses de abril e maio. Até o setor de bens de capital já mostra sinais de recuperação. A confiança do setor aumentou 9,1% em maio na comparação com abril. De janeiro a maio, a indústria de bens de capital finalmente saiu do terreno negativo. O índice de confiança do setor acumulava queda de 5,9% de janeiro a abril e era o único que se mantinha negativo no acumulado dos quatro primeiros meses de 2009. Agora, de janeiro a maio, a confiança do setor está positiva em 2,7%.
Avaliações - De acordo com a pesquisa, as avaliações dos empresários sobre demanda e sobre ambiente geral dos negócios melhoraram "sensivelmente" de abril para maio deste ano. A fundação destacou que o indicador que mede o grau de satisfação com o nível atual de demanda avançou 13,1% no período.
Segundo a fundação, as perspectivas para os próximos meses são as melhores desde outubro de 2008 em todos os quesitos que compõem o Índice de Expectativas, um dos dois sub-indicadores que compõem o ICI. Entre os destaques, segundo a fundação, é possível perceber diminuição do pessimismo com a situação dos negócios nos próximos seis meses.
De acordo com cálculos da fundação, do total de 1.075 empresas consultadas em maio, 25,9% preveem melhora e 27,1% piora nos negócios para os próximos meses - sendo que no mês passado, os percentuais para essas mesmas perguntas haviam sido de 18,0% e 28,1%, respectivamente.
Composição - O ICI é composto por dois indicadores. O primeiro é o Índice da Situação Atual (ISA), que teve aumento 7,6% em maio, após subir 8,8% em abril, nos dados atualizados na série com ajuste sazonal. O segundo componente do ICI é o Índice de Expectativas (IE), que apresentou alta de 4,4% em maio, após avançar 8,4% em abril também na série atualizada com ajuste sazonal.
Na comparação com maio do ano passado, nos dados sem ajuste sazonal, houve quedas de 26,1% e de 22%, respectivamente para o índice de Situação Atual e para o indicador de Expectativas, em maio deste ano. O levantamento para cálculo do índice foi entre os dias 7 e 26 desse mês, em uma amostra de 1.075 empresas informantes.