Economia

Empresa desenvolve motor flex etanol/diesel para trator

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postado em 29/05/2009 16:13
São Paulo - A AGCO Sisu Power e a Delphi apresentam na próxima semana o protótipo de um motor desenvolvido especialmente para tratores movidos a etanol e diesel. O projeto elaborado pelas companhias é destinado ao mercado sucroalcooleiro, setor que conta atualmente com uma frota de 35 mil tratores. A primeira demonstração do motor flex desenvolvido pelas companhias será realizada no Ethanol Summit, evento que reunirá especialistas, empresários e pesquisadores de todo o mundo em São Paulo, a partir desta segunda-feira (01/06). A expectativa de crescente demanda por máquinas mais eficientes e menos poluentes fez as companhias iniciarem as pesquisas neste segmento em 2001. As empresas estimam que o investimento total no projeto deve ficar em cerca de R$ 250 mil no projeto, que teve início em outubro de 2008. O modelo que será apresentado no Ethanol Summit poderá ser abastecido com 50% de etanol, mas o projeto original prevê que a mistura do combustível ao diesel poderá chegar a 70%. O grupo trabalha com um cenário positivo, já que a Valtra, marca controlada pela AGCO, domina o comércio de máquinas para os grupos sucroalcooleiros. A empresa detém 60% do mercado, cuja venda média anual está em torno de um mil tratores. Jak Torreta, diretor de marketing da AGCO Sisu Power, lembra ainda que as usinas de cana trabalham intensivamente, 24 horas sem interrupção. "Enquanto no setor de grãos, as máquinas rodam em média 1 mil horas por ano. Na cana, a movimentação no campo é de 4 mil horas por ano", compara o executivo. Segundo ele, diante desta movimentação intensa, normalmente, as usinas precisam renovar a frota a cada seis anos. "O projeto é voltado para o setor sucroalcooleiro porque as usinas têm a vantagem econômica de produzir o combustível", afirma Torreta. Ele destaca ainda que o custo não é tão elevado porque o desenvolvimento parte de tecnologias que já são desenvolvidas pelas empresas. "Já é tradição da Valtra desenvolver alternativas de cunho ambiental". Ele conta que montadora foi a primeira companhia a ter tratores aptos para trabalhar com o biodiesel, idealizado a partir de um projeto iniciado em 2001. O modelo da Valtra foi homologado na Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em 2007. As pesquisas da multinacional são realizadas na divisão de motores, que fica na Finlândia, e envolvem investimentos da ordem de "milhões de euros", segundo ele, que evitou especificar valores. O executivo lembra que a iniciativa da Valtra em pesquisa e desenvolvimento de tratores movidos a combustíveis renováveis não é inédita. Na década de 80, a companhia lançou um projeto similar de trator movido a biodiesel. No entanto, a iniciativa não vingou. Torreta conta que o trator chegou a ser vendido no circuito comercial, mas a durabilidade e a performance das máquinas não corresponderam à expectativa do setor. Segundo ele, não existia na época a tecnologia que é aplica neste novo protótipo. "Agora o motor conta com dois sistemas de injeção eletrônica, que permitirão a substituição de até 70% do diesel pelo álcool", explica outro diretor da AGCO Sisu Power, Ricardo Huhtala. O executivo afirma ainda que o modelo apresenta uma outra vantagem: é um motor reversível, que também pode trabalhar com diesel ou biodiesel. O motor será colocado em tratores da linha pesada da Valtra, com potência de 180 cavalos, e deve entrar no mercado no segundo semestre de 2010, com um custo entre 2% e 3% acima da atual média de preços.

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