Economia

Dólar cai 1,94% no dia e moeda fecha o mês valendo 9,67% menos

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postado em 29/05/2009 20:01
O dólar teve hoje (29) a sexta queda seguida, com desvalorização de 1,94%, e fechou pela primeira vez, nos últimos oito meses, abaixo de R$ 2. Com a cotação de R$ 1,968 para compra e R$ 1,97 para venda, a moeda norte-americana perdeu 9,67% no mês de maio e 15,56% no ano. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou o dia com valorização de 0,3%, aos 53.197 pontos, e acumula avanço de 12% no mês, principalmente em virtude da enxurrada de recursos estrangeiros no mercado acionário, que provocam valorização do real sobre o dólar, como explica Roberto Piscitelli, professor de economia da Universidade de Brasília (UnB). A cotação da moeda norte-americana voltou hoje quase ao patamar de 1º de outubro do ano passado, quando fechou a R$ 1,918 já em fase de evolução por causa da falência, 15 dias antes, do banco de investimentos Lehman Brothers, dos Estados Unidos, que detonou a crise financeira mundial. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse em audiência pública na Câmara dos Deputados, na última quarta-feira (27), que o dólar está perdendo terreno ante as principais moedas do mundo, e não apenas em relação ao real. Ontem (28) o ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez declaração semelhante. Essa constatação causa temor entre os exportadores, que veem os produtos brasileiros perderem competitividade de preços lá fora, por causa do real mais forte. Para alguns consumidores, entretanto, essa situação permite comprar produtos estrangeiros mais em conta e viajar ao exterior, uma vez que real mais valorizado significa menos gasto com turismo. Como se vê, em economia tudo tem os dois lados, lembra Piscitelli, e até mesmo empresas nacionais com dívidas em dólares estão se beneficiando da apreciação (valorização) do real. E quem mais se beneficia com a desvalorização da moeda norte-americana é o governo, porque isso favorece a recomposição das reservas cambiais e reduz a dívida imobiliária (interna e externa) contraída com títulos públicos, acrescentou. O professor adverte, no entanto, contra a percepção de euforia no mercado acionário, porque especulação gera sensação falsa e eleva as ações acima do valor patrimonial das empresas, e isso gera riscos para o investidor bem intencionado. Piscitelli explica, ainda, que se fosse investidor estrangeiro, também aplicaria seus recursos no Brasil, mais do que em qualquer outro país, porque aqui as altas taxas de juros garantem rentabilidade e as facilidades de circulação de capitais caracterizam o país quase como paraíso fiscal: o dinheiro pode entrar e sair a qualquer momento.

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