postado em 30/05/2009 08:00
Mais um indicador aponta para a recuperação da economia no paÃs, ainda que de forma lenta e gradual. O Ãndice de Confiança da Indústria (ICI), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), aumentou 6% de abril para maio, passando de 84,5 pontos para 89,6. Esse foi o quinto mês seguido de alta, mas a medida ainda está abaixo dos 100 pontos, o que mostra uma predominância do pessimismo entre os empresários ; o último número acima dessa marca foi 104,4, em outubro de 2008 (veja os gráficos). Mesmo assim, o coordenador da pesquisa, AloÃsio Campelo, acredita que a retomada do nÃvel de atividade industrial será mais forte no terceiro trimestre, com uma expansão se aproximando da média histórica dos últimos 10 anos.
;A indústria voltará a crescer num ritmo lento, mas próximo da média histórica, que é de 3% ao ano desde 2000;, disse Campelo. No mesmo perÃodo, a média do ICI é de 99,1 pontos. Segundo o relatório da Sondagem da Indústria de Transformação divulgado ontem, os números ;confirmam a tendência de recuperação gradual do ritmo de atividade industrial após o forte declÃnio ocorrido no final do ano passado;. Para o professor da FGV, alguns dos segmentos mais afetados pela crise já estarão se ajustando no terceiro trimestre. O melhor exemplo é o ramo de bens de capital (equipamentos industriais usados na produção), que sofreu muito com a interrupção dos investimentos neste ano.
A confiança dos empresários desse segmento especÃfico cresceu 9,1%. No acumulado no ano, os bens de capital saÃram do terreno negativo em que se encontravam até abril. Isoladamente, seu Ãndice sofria uma queda de 5,9% no primeiro quadrimestre do ano ; era o único que ainda permanecia encolhendo. De janeiro a maio, o indicador reverteu a trajetória e se elevou em 2,7%. Nada disso, porém, deve impedir que a produção industrial total termine o ano com uma contração. ;A recuperação será muito lenta, depois da redução forte no fim de 2008. Para chegar ao fim do ano num nÃvel positivo, a indústria teria que crescer em proporções chinesas daqui para frente;, afirmou Campelo.
Na medição nacional feita pela FGV, as indústrias aumentaram o uso da sua capacidade produtiva de 78,3% em abril para 79,2% em maio, o maior nÃvel desde os 79,9% de dezembro de 2008. Segundo o relatório, o indicador que afere o grau de satisfação dos empresários com o tamanho atual da demanda avançou 13,1%, chegando a 90,6 pontos. O dado sobre o contentamento com a situação presente dos negócios subiu 12,2%, atingindo 86,5 pontos. As perspectivas para os próximos meses são as melhores desde outubro passado. Das 1.075 empresas consultadas, 25,9% previram melhora nos negócios em seis meses e 27,1%, piora. Em abril, esses números haviam sido de 18% e 28,1% respectivamente.
O ICI é formado por dois subÃndices. Os dois apresentaram uma desaceleração no ritmo de expansão. O que mede a situação atual (ISA), cresceu 7,6% em maio, após subir 8,8% em abril. O que mede as expectativas (IE), aumentou 4,4% após um avanço de 8,4% no mês anterior.
Expectativa é boa em BrasÃlia O setor industrial brasiliense compartilha da expectativa positiva quanto ao reaquecimento da economia, apontada pelos indicadores da Fundação Getulio Vargas (FGV). O presidente da Federação das Indústrias do DF (Fibra) e dono da construtora Anrossi, Antônio Rocha, prevê uma melhora generalizada. ;A sensação é de que a crise está passando e as coisas estão voltando ao normal. O clima é de um otimismo equilibrado, com os pés no chão. A recuperação será gradual, mas tudo vai melhorar no segundo semestre;, prevê. As vendas das indústrias locais aumentaram 9,02% em março, mas o resultado acumulado no trimestre ainda é negativo em 0,94%. O número de empregados caiu 0,28% e o uso da capacidade instalada ficou em 65,62%, registrando retração de 0,26 ponto percentual. Dono da Summer, indústria de moda praia, Fernando Japiassu é o retrato mais acabado do otimismo. Em vez de se retrair, ele está investindo R$ 2 milhões na ampliação da capacidade produtiva. A fábrica vai sair de uma área de mil metros quadrados na Asa Norte para um galpão quatro vezes maior em ValparaÃso (GO). Lá, pretende dobrar o número de funcionários para 100 e a produção, atingindo 30 mil peças por mês. ;Nesses momentos difÃceis, alguns jogam a toalha. Outros aproveitam a oportunidade para expandir os negócios. Posso dizer que a crise não passou por aqui;, diz. Como presidente da Associação dos Exportadores de Moda do DF, Japiassu se encontra com vários empresários de diferentes setores. Segundo ele, o clima dominante em BrasÃlia é mesmo positivo. (RA)