postado em 31/05/2009 17:51
Curso preparatório. Apostilas. Internet. Livros. Transporte. Refeição. Taxa de inscrição. A lista é extensa e faz parte do orçamento do candidato que quer ter êxito num concurso público.
É consenso que não dá para passar sem desembolsar um centavo sequer nos estudos. Uma pesquisa realizada neste semestre pela Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac) revelou que um concurseiro gasta, em média, R$ 12,4 mil, por ano, com sua preparação e prestação das provas.
A pesquisa foi feita com base na realidade de um candidato morador da cidade do Rio de Janeiro, mas a responsável pelo estudo e diretora executiva da Anpac, Maria Thereza Sombra, afirma que os números podem ser aplicados a grandes capitais, como o Recife.
A associação considerou um candidato que tenha reservado um ano para estudar, fazendo curso preparatório seis dias por semana e tentando três concursos nesse período. Utilização de transporte público, material didático e internet e refeições rápidas também estão incluídas no cálculo. Candidatos que prestam concurso fora de sua cidade, que teriam gastos maiores, não foram contemplados na pesquisa. "Esse é o valor apenas para um candidato. Se considerarmos que o número de inscrições em concursos públicos está na base de cinco milhões por ano, temos o valor que essa indústria movimento no Brasil, excetuando o lucro líquido dos cursos e editoras, os anúncios na mídia e outras coisas mais que mexem de verdade com a economia", analisa Sombra.
Como o investimento é alto, poucos são os candidatos que conseguem abrir mão de seu emprego para se dedicar exclusivamente aos estudos. Mas tem gente que fez o sacrifício e não se arrependeu. É o caso do oficial de Justiça Fernando Farias, de 38 anos. Engenheiro civil de formação, ele resolveu voltar à faculdade para cursar direito, apenas para fazer concurso na área. Quando concluiu o curso, tomou uma decisão radical: abandonou o emprego numa construtora para se dedicar exclusivamente à preparaçãopara concurso.
Mas, para tomar essa atitude, Fernando precisou de muito planejamento e apoio da família, afinal, quem assumiu as despesas da casa durante esse período de estudos foi a esposa dele, que já era funcionária pública. "Reservei R$ 30 mil mais o dinheiro da indenização que recebi para passar um tempo sem trabalhar. Combinei com minha esposa como ficaria o orçamento da casa. Reduzimos várias despesas. Cortamos gastos com lazer, roupas e supérfluos. Minha família entendeu o momento e me ajudou muito nessa fase. Pude me dedicar somente aos estudos, de domingo a domingo, o dia todo. Só parava para ir ao curso e dormir", lembra.
A recompensa veio um ano depois, com a aprovação no concurso do Tribunal de Justiça de Pernambuco, em 2007, onde trabalha atualmente. De lá para cá, Fernando continuou mantendo o ritmo de estudos e hoje coleciona aprovações.