Economia

PIB poderá subir no segundo trimestre, segundo consultores

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postado em 31/05/2009 18:27
São Paulo - A retração da economia brasileira ocorrida nos últimos dois trimestres e que caracteriza uma recessão técnica pode já ter ficado para trás. Entre abril e junho, consultorias privadas estimam que o Produto Interno Bruto (PIB) deverá crescer entre 1% e 2,5% sobre o período anterior, puxado especialmente pela produção industrial. Apesar de a indústria responder por 28% do PIB e os serviços terem maior peso (65%), é a produção das fábricas que dará o tom do crescimento dos próximos meses. Isso porque a indústria foi o setor que mais sentiu o tranco da crise a partir do fim do ano passado. Nesta segunda-feira (01/06) será conhecido o desempenho da indústria de abril. A expectativa é de elevação de até 2,4% da produção industrial dessazonalizada em relação a março, segundo estimativa da economista-chefe do ING Bank, Zeina Latif. Se essa projeção for confirmada, a indústria continuará a trajetória de recuperação apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre janeiro e março, a indústria cresceu 4,8%, descontados os efeitos típicos dessa época do ano. "Se a indústria tiver crescido 2% em abril, fechará o primeiro quadrimestre com alta de 7%", calcula o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, que faz uma projeção otimista, porém mais modesta que o ING Bank para produção de abril. Ele pondera que esse crescimento ainda será insuficiente para recuperar a queda de 20% na produção industrial acumulada no último trimestre do ano passado. "A volta da produção industrial ao nível pré-crise deve ocorrer no último trimestre deste ano", prevê Borges. Ele argumenta que dois segmentos chave da indústria, o de bens de capital e o de bens intermediários, enfrentam hoje forte retração na produção e emperram o ritmo de crescimento da indústria em geral. Juntos, esses dois segmentos respondem por 60% da produção industrial. A produção de aço, por exemplo, teve queda na faixa de 40% no primeiro quadrimestre deste ano em relação a igual período de 2008, segundo dados do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). Borges lembra que o setor sofre de perto os efeitos da recessão porque metade da sua produção é exportada. No caso dos bens de capital, o faturamento real caiu quase 25% no primeiro quadrimestre em relação ao mesmo período de 2008, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). "Foi uma das maiores retrações do setor dos últimos anos e o pior é que não vemos sinal de recuperação: tudo indica que maio será péssimo", afirma o diretor secretário da entidade, Carlos Pastoriza. Se, a partir de maio, o setor voltasse ao nível de 2008, o que é improvável na opinião do empresário, o ano fecharia com queda de, no mínimo, 8%. Fabio Silveira, diretor da RC Consultores, projeta queda de 15% na produção de bens de capital neste ano. Ele argumenta que a compra de máquinas e equipamentos pelos setores de bens de consumo e de bens intermediários foi interrompida ou adiada em razão da grande ociosidade nas fábricas desses segmentos. "Há um crescimento desigual entre os diferentes segmentos da indústria", ressalta. Silveira acredita que a recuperação dos bens de consumo, puxada por medidas do governo como corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre carros e eletrodomésticos, não será suficiente para compensar as perdas da produção de bens de capital e de produtos intermediários. Para ele, a produção da indústria como um todo deve fechar o ano com queda de 3,5% e voltar ao nível pré-crise só em 2010. A economista da Tendências, Marcela Prada, também acredita que o nível de produção industrial volte ao nível anterior à crise no ano que vem. Ela observa que, apesar de mais enxuto, o ajuste de estoque da indústria deve durar até o terceiro trimestre, em razão da queda nas exportações de manufaturados e nos investimentos. Apesar de a produção de bens intermediários e de bens de capital continuar no terreno negativo, o cenário para os bens de consumo é favorável. Borges, da LCA, observa que as vendas dessazonalizadas do comércio varejista já retomaram em março o nível de setembro de 2008. Também a média diária de licenciamentos de veículos, de 11,3 mil unidades até o dia 27 de maio, voltou para o nível de setembro do ano passado. O economista observa que uma conjugação favorável de fatores joga a favor da produção de bens de consumo. Além do corte no IPI para carros, eletrodomésticos e materiais de construção, e da flexibilização do crédito para compras, Borges aponta mudanças qualitativas na confiança do consumidor. Em maio, pela primeira vez desde setembro, destaca, a confiança do consumidor apurada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) foi sustentada pelo índice de situação atual. "Foi uma virada no indicador que revela a melhora no mercado de trabalho, já apontada pelos dados do Caged de abril." E a confiança do consumidor no emprego é fundamental para destravar o consumo de bens duráveis.

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