Economia

Profissionais de publicidade brasileiros avançam no exterior

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postado em 31/05/2009 20:19
São Paulo - O desempenho do Brasil na conquista de prêmios em propaganda online na última década credenciou os profissionais do segmento a desbravar mercados no exterior. Há vários jovens talentos ocupando posições de destaque em outros países, em especial nos cargos de direção de arte, onde a barreira da língua é mais facilmente superada. Esses profissionais estão em agências de países como EUA, Inglaterra, Espanha, França, Dinamarca e Holanda. No Festival Internacional de Publicidade de Cannes, o Brasil obteve 107 troféus em dez anos de premiação da categoria Cyber Lions, que julga os melhores trabalhos em publicidade para a internet. No mesmo período, os EUA, que lideram com folga os festivais de propaganda mundo afora, ganharam 128 troféus na mesma disputa. Mais do que isso, na competição paralela criada para incentivar os publicitários em começo de carreira, denominada Young Lions, os brasileiros têm feito bonito na apresentação de soluções para mídia online. Dos oito anos de existência dessa premiação específica, as duplas de brasileiros ganharam cinco. "Quase todos que ganharam não trabalham mais aqui, foram contratados lá fora", diz Emmanuel Publio Dias, diretor de marketing e negócios da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Uma das razões para o sucesso dos brasileiros nessa área, segundo Dias, é que a internet ainda permite boas ideias aplicadas de maneira simples. Fabiano Rosa, 32 anos e há cinco meses em Madri trabalhando na filial da rede de agências Wunderman, é a prova dessa constatação. "Eles têm aqui banda larga de 20 megabits, enquanto no Brasil a gente dispõe de, no máximo, 8 mega. Mesmo assim, a propaganda interativa deles é mais atrasada. Vivem me pedindo soluções que no Brasil nem são mais usadas", diz. Nem todos os mercados que buscam os profissionais daqui estão no mesmo nível, mas a criatividade brasileira é valorizada pela rapidez na apresentação de alternativas, uma característica que encontra apoio na capacidade de improvisação do povo brasileiro. "Quando trabalhava no Brasil era tudo mais de um dia para o outro e os ajustes eram feitos no processo", lembra Valter Klug, 28 anos e há dois anos vivendo fora - primeiro em Londres e agora em Miami, sempre a convite da rede de agências online inglesa Sapient. "Aqui eles são bem mais organizados e mais lentos. Chego a gastar o dobro do tempo na criação, mas também não há ajustes no período de implantação." Tanto Rosa quanto Klug são diretores de arte. Os dois passaram pelas tradicionais dificuldades de adaptação à língua do país que escolheram, mas nada que os tenha impedido de se arriscar e correr mundo. Rosa, por exemplo, tem planos de ficar um longo período fora e se vê trabalhando até na Suécia. Diz já ter recebido propostas, mas tem contrato por dois anos com a empresa que o levou. Nivia Masumi, de 25 anos, é outra que assumiu o posto de diretora de arte da butique virtual Muse, em Amsterdã, e não se intimidou. Tinha na bagagem, a seu favor, o fato de falar holandês, por ter morado no país por oito anos durante sua infância. "Os jovens brasileiros desse mercado online estão quase tão disputados quanto os craques do futebol que jogam no exterior. É um mercado ainda em forte expansão, apesar da crise global", diz Eco Moliterno, vice-presidente de criação da Wunderman. "Eles vão com salários muito superiores aos que ganham aqui." A crise pode até ser um fator impulsionador da propaganda online. Em fase de contenção de gastos, muitos anunciantes restringem seus investimentos em marketing e correm atrás da internet, que tem preços inferiores às mídias tradicionais. Há ainda uma intensa busca de fórmulas que consigam se destacar em meio ao excesso de oferta do mundo online. VOO SOLO - Entre os que foram para fora e agora já traçam voos solo está o diretor de arte Adhemas Batista que, apesar de seus 28 anos, tem carreira sólida na internet, iniciada por conta própria aos 15 anos. "Acho que o que abriu as portas para mim foi participar do projeto do site das sandálias Havaianas, porque esse trabalho ganhou destaque na mídia internacional e, a partir daí, os convites pipocaram. Recebi, de uma só vez, seis propostas", lembra ele, que vive há três anos em Los Angeles, hoje comandando a própria agência, a Magenta, que faz trabalhos até para agências de propaganda do Brasil.

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