Economia

Crise adia meta de investimentos em dois anos

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postado em 01/06/2009 09:42
A crise internacional vai adiar em dois anos o avanço programado da taxa de investimentos no Brasil. É o que mostra um levantamento da área de pesquisa econômica do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O estudo foi feito com base em investimentos anunciados ou cancelados por empresas privadas e públicas desde a quebra do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008. Quando anunciaram a política industrial do governo, em junho de 2008, o ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, previram que a taxa de investimentos subiria dos atuais 19% para 21% do PIB em 2010. Com os efeitos mais claros da crise, o BNDES mudou sua previsão. A taxa de investimentos não irá cair, o que já é um ótimo sinal. Mas o patamar de 21% só virá em 2012, segundo o novo cálculo do banco. "O levantamento dos projetos de investimentos da economia brasileira indica que a crise internacional deve adiar em dois anos o alcance desse percentual, anteriormente previsto para 2010", afirma o estudo. *Gargalos* A taxa de investimentos é crucial para a solução de gargalos produtivos na economia. Sua expansão permite que os países cresçam de forma sustentável, sem inflação ou, por exemplo, apagão de energia. De 2006 a meados do segundo semestre de 2008, os investimentos cresceram acima do PIB, "configurando o mais longo e vigoroso ciclo dos últimos trinta anos." Em 2008, a taxa foi de 19% do PIB. "A crise representa séria ameaça à continuidade do ciclo de investimentos, especialmente em função da queda nos preços internacionais das commodities e da deterioração das condições internas de crédito", dizem os autores do estudo, os economistas Fernando Puga e Gilberto Borça Junior. Este quadro só não é pior, segundo o BNDES, porque alguns setores industriais formaram um bloco de investimentos avesso ao impacto da crise (veja texto ao lado). Esse bloco, segundo o banco, deverá assegurar, ainda que com um atraso de dois anos, a trajetória de longo prazo dos projetos de ampliação de fábricas, de construção de rodovias e hidrelétricas e da compra de máquinas. *Setores prejudicados* O impacto da crise deverá ser especialmente negativo nos setor de siderurgia, papel e celulose e extração e mineração. Para o prazo entre 2009-2102, os investimentos mapeados em siderurgia caíram de R$ 61 bilhões para R$ 25 bilhões. Em mineração, de R$ 72 bilhões para R$ 48 bilhões. No setor de papel e celulose, de R$ 27 bilhões para R$ 9 bilhões.

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