Economia

Indústria brasileira cresce há 4 meses seguidos, mas recuperação está longe

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postado em 02/06/2009 07:50
A indústria brasileira deu mais um indício de recuperação. Pelo quarta vez consecutiva, a produção apresentou crescimento na comparação com o mês anterior. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expansão foi de 1,1% em abril em relação a março. Com o resultado, a média móvel trimestral permaneceu positiva e passou de 1,6% para 1,3%. Levando-se em consideração o desempenho dos últimos quatro meses, a indústria acumula alta de 6,2% frente a dezembro, uma expansão tímida já que, entre outubro e dezembro de 2008, somou uma queda de 20%. O quadro está melhor, mas ainda não é o mesmo de antes da crise, quando o setor acumulava alta taxa de crescimento. ;As perdas observadas no fim do ano ainda não foram suplantadas;, disse André Macedo, economista da coordenação de indústria do IBGE. Frente aos primeiros quatro meses de 2008, a indústria acumula perda de 14,7% em igual período deste ano. A maior queda no acumulado de 2009 é dos bens de capital (-22,6%). Os bens intermediários despencaram 17,5% e os bens de consumo, 21,6%. Os números são expressivos porque os resultados do começo de 2008 foram muito fortes, o que fez a produção de bens de capital ser a única positiva em 12 meses (0,2%). ;O momento (começo do ano passado) foi muito bom e favoreceu investimentos;, afirmou o economista do IBGE. Bons de venda Na comparação com março, os resultados foram positivos em todas as categorias da indústria. Os bens de capital tiveram expansão de 2,6%. Os intermediários cresceram 1,1% e os de consumo, 0,9%. Das 27 atividades pesquisadas, 16 aumentaram a produção. Esse desempenho foi puxado pela fabricação de veículos, que subiu 3,3% em abril. A tendência é que esse indicador siga em alta já que depende diretamente da venda de carros e, segundo a Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), a comercialização de carros comerciais leves subiu 5,78% entre abril e maio e 3,22% em relação a maio de 2008. O setor de metalurgia básica saltou 5,1% e também impulsionou a melhora da indústria em abril. Aparelhos e materiais elétricos tiveram a produção aumentada em 8,3% e materiais eletrônicos e equipamentos de comunicações, em 5,2%. Entre os ramos que apresentaram queda da produção estão os equipamentos médico hospitalares e óticos, cuja redução foi de 13%. O refino de petróleo e produção de álcool caiu 1,7%. Na comparação entre abril de 2009 e de 2008, a indústria despencou 14,8% impulsionada pelos bens de capitais (-29,3%) e pelos bens intermediários (-15,5%). Cautela Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), apesar dos quatro sinais de recuperação consecutivos, ainda é cedo para assumir o início de uma retomada. A entidade calcula que, para se igualar a 2008, a produção industrial precisa crescer 13,5% de abril a dezembro. Em nota, a CNI informou que ;os obstáculos à retomada consistente da atividade industrial são o acúmulo indesejado de estoques, inclusive nas empresas de maior porte, e a ainda reprimida demanda, principalmente a internacional;. ;Chegamos ao fundo do poço e estamos saindo dele;, avaliou o economista Cristiano Souza, do Santander. O Índice Gerente de Compras (PMI), calculado pelo grupo Santander, indica uma tendência de melhora do cenário industrial, mas nada imediato. ;Ainda estamos longe de ter um crescimento robusto, não vamos alcançar os números de 2006 e 2007;, afirmou Souza. A melhora sentida nos primeiros meses deve ser mais tímida por causa da expectativa de piora no nível de emprego. ;A queda no ano passado foi tão forte que a recuperação deste ano não absorveu o desempenho negativo;, disse o economista. A CNI apontou outro problema para o retorno da indústria à trajetória de crescimento acelerado: a valorização do real frente ao dólar. No primeiro trimestre, a moeda americana era vendida a R$ 2,30 e, atualmente, é comercializada na faixa de R$ 2,00, o que, segundo a entidade, reduz a capacidade exportadora das empresas. (arquivo em formato pdf) » Áudio: ouça entrevista com André Macedo, economista do IBGE

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