Economia

Valorização cambial ajuda a explicar queda no faturamento, diz CNI

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postado em 04/06/2009 16:50
Apesar de um discreto aumento na utilização da capacidade instalada, o faturamento da indústria, o emprego e a massa salarial registraram queda em abril, de acordo com dados da CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgados na manhã desta quinta-feira (4/6). A queda no faturamento real, ou seja, nas vendas industriais, na comparação com março, também é reflexo da valorização cambial de 4,7%, na média de abril ante o mês anterior, de acordo com o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. "A perda de competitividade dos produtos industriais brasileiros gerada pela alta do real volta a preocupar o setor", afirmou. O uso da capacidade instalada subiu apenas 0,4 ponto percentual, de 78,8% em março para 79,2% em abril, mas ainda está muito abaixo dos 83% registrados no mesmo mês de 2008. De acordo com Castelo Branco, a comparação com o primeiro quadrimestre do ano passado, quando a economia brasileira ainda estava crescendo a todo vapor e não havia sentido os efeitos da crise financeira mundial, ajuda a aumentar a disparidade entre os indicadores. O ensaio de recuperação na produção industrial em detrimento do emprego, da massa salarial e das horas trabalhadas, diz Castelo Branco, também é sinal de uma redução dos estoques, que força a uma retomada na atividade industrial. Mas, de acordo com o gerente-executivo, "ainda não há solidez na trajetória da recuperação econômica" e nos próximos meses deve ser esperada "uma alternância entre variáveis positivas e negativas". De acordo com a CNI, o resultado mostra um "processo de transição" do setor industrial, com o resultado situado entre a "queda abrupta do quarto trimestre do ano passado e uma recuperação, que ainda não está delineada". O faturamento de abril, que mede as vendas realizadas, caiu 1,9% na comparação com março, desprezada a influência sazonal. Ante o mesmo mês do ano passado, a queda foi maior, quase 11%. Emprego O emprego, sem a sazonalidade, teve a sexta queda consecutiva, 1,1%, a maior desde de o início da medição da série histórica, em 2003. Para compensar a queda acumulada no ano e levar a um crescimento zero em relação a 2008, de maio a dezembro será necessário um crescimento de 2,7%. A deterioração no emprego gera reflexos nos salários pagos aos trabalhadores: com mais gente procurando emprego, menor é a remuneração oferecida --e menor é o poder de compra do trabalhador. A redução da massa foi de 2,9% em abril, ante março-- mês em que foi registrada a primeira queda da série da CNI, ante fevereiro.

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