postado em 05/06/2009 17:39
No final do pregão desta sexta-feira, as ordens de venda prevaleceram na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), após um dia volátil. Para analistas, o mercado está dividido em "queimar" as gorduras acumuladas principalmente no bimestre passado, e continuar apostando na recuperação da economia global. A taxa de câmbio bateu R$ 1,95.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, cedeu 0,23% no fechamento, aos 53.341 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,85 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em alta de 0,15%.
"Nós tivemos uma semana bem volátil, em que uma dia de realização [venda] mais forte puxou um pouco de compras em outro dia. Acho que a próxima semana também vai ser um volátil desse jeito. Acho que já está na mente de todo o investidor que o pior da crise passou, mas todos nós ainda aguardamos, ansiosos, números que mostrem de que realmente a crise vai passar", sintetiza Marco Aurélio Etchegoyen, da mesa de operações da corretora gaúcha Diferencial.
As ações da Vale do Rio Doce responderam por quase 20% do volume total da Bolsa, e limitaram as perdas do dia. Os papéis da mineradora subiram 0,24% (preferenciais) e 1,05% (ordinárias), num dia em que as grandes mineradoras também valorizaram, a exemplo da BHP Billiton e Rio Tinto no mercado europeu.
A Rio Tinto desistiu da venda de 18% de seu capital para a chinesa Chinalco e anunciou que pretende levantar US$ 15,2 bilhões com venda de ações.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,958, o que significa um avanço de 0,82% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país marca 270 pontos, número 3,22% abaixo da pontuação anterior.
"Esse semana foi um pouco mais volátil, mas porque tivemos alguma realização de lucros na Bolsa pelos investidores estrangeiros, e isso afetou um pouco o mercado de dólar. Em geral, não tem um efeito imediato, e demora uns dois dias para ter impacto. No longo prazo a tendência para o dólar ainda é baixo, e ele pode ir para patamares em torno de R$ 1,80, mas isso não vai ocorrer tão rapidamente", comenta João Carlos Reis, gerente da tesouraria da corretora Prime.
EUA
O mercado oscilou de forma moderada durante todo o dia, mas pela manhã, parecia que ainda poderia encerrar a semana em tom positivo. Tudo porque o Departamento do Trabalho dos EUA revelou a "boa notícia" do dia: de que a economia do país perdeu 345 mil empregos em maio, mesmo mês em que a taxa de desemprego atingiu 9,4%. O órgão também revisou para baixo o número divulgado para abril: de 539 mil empregos perdidos para 504 mil. Embora o número tenha sido desastroso, foi um pouco melhor do que o previsto por analistas do mercado financeiro, que contavam com uma destruição em torno de 530 mil vaga no mês passado.
Esse bom humor, no entanto, perdeu sustentação à tarde, quando o Federal Reserve (banco central dos EUa) informou que a demanda por crédito dos consumidores continua baixa. O montante de empréstimos encolheu US$ 15,7 bilhões em abril, uma cifra muito pior do que economistas previam (US$ 6 bilhões) e azedou os ânimos dos investidores.
O consumo é um dos principais pilares da economia americana, foco principal da preocupação do investidor no mercado de ações doméstico. O noticiário doméstico foi movimentado no setor corporativo. O Bradesco anunciou hoje que deve adquirir o banco Ibi, braço financeiro do grupo de varejo C por R$ 1,4 bilhão, com o objetivo de incrementar sua base de cartões de crédito. A ação do Bradesco teve baixa de 0,76%, em linha com as ações dos outros bancos. analistas ressaltaram que a aquisição infla "substancialmente" a base de cartões da instituição bancária.
E a fabricante de alimentos Sadia anunciou nesta sexta-feira que vai desistir de sua primeira planta industrial no exterior, na Rússia. Em comunicado ao mercado, a empresa brasileira avisou que vai vender sua participação na joint-venture Investeast, por US$ 77,5 milhões (cerca de R$ 151 milhões), à sócia Fomanto Investments. A ação da Sadia teve queda de 1,03%.