postado em 08/06/2009 15:18
A aceleração da inflação medida pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) não indica que os preços apresentam tendência de alta nos próximos meses, avaliou nesta segunda-feira o economista da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Salomão Quadros. Em maio, o IGP-DI teve alta de 0,18%, acelerando frente aos 0,04% observados em abril.
A principal pressão sobre o índice veio do setor de construção civil. O INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) subiu 1,39% em maio, ante retração de 0,04% constatada no mês anterior. Quadros explicou que a variação é pontual, e foi influenciada pelo reajuste dado aos trabalhadores do setor no Rio de Janeiro e em São Paulo. Os custos com mão-de-obra ficaram 3,49% mais caros em maio, contra 0,58% no mês anterior.
"Houve uma aceleração, mas não pelos fatores habituais. Não há indícios que o IGP-DI vai disparar. Boa parte dessa subida ocorreu pelo INCC. Esta influência não será repetida", afirmou Quadros.
Nos últimos 12 meses, o IGP-DI acumula alta de 2,99%. Foi a sétima desaceleração consecutiva nessa comparação. Em abril, o índice acumulado em 12 meses era de 4,74%.
Os preços dos alimentos vêm se mantendo em patamares mais baixos, seja no atacado ou no varejo. O IPA (Índice de Preços no Atacado) teve retração de 0,10% em maio, no mesmo nível em que fora observado no mês anterior. Os alimentos in natura ajudaram a puxar os preços para baixo. As principais influências negativas vieram do mamão (-34,27%), da uva (-20,65%) e do tomate (-2,22%).
"Os produtos in natura passam por um momento de concentração de queda. Ela tem elementos de que será rápida. Os ciclos relativos a estes produtos são curtos. A probabilidade de essa queda generalizada ocorrer de novo é pequena", observou Quadros.
A alta de 4,69% no preço da soja foi o principal impacto positivo dentro do IPA. Mesmo assim, o dado revela desaceleração, já que em abril, a soja ficara 5,17% mais cara. Segundo Quadros, o real mais valorizado é um dos fatores que contribuem para este quadro.
Os preços dos produtos in natura também chegaram mais baratos ao consumidor. Em maio, segundo o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), tiveram deflação de 3,74%, com destaque para a manga (-19,25%). Os alimentos registraram deflação de 0,30% em maio, depois de ficarem 0,64% mais caros em abril.
"Os preços administrados exerceram mais pressão para o consumidor, principalmente em função dos aumentos das tarifas de energia elétrica e de água e esgoto em Salvador", comentou Quadros.